terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Capítulos antigos

Olá meninas (;

Pediram-se para publicar os capitulos antigos da fic something, mas como eu no computador a partir de certa altura deixei de dividir a fic em capitulos vou postar neste post a historia toda desde o inicio, por isso é capaz de ficar um bocadinho grande xd

Espero que continuem a ler e a comentar (;

Beijinhos

Nii'i

-----------------------------------------------


1º Capitulo – “O Inicio”
- Bia, filha acorda, já são horas.
-Sim mãe, já vou.
A minha mãe têm o cabelo loiro como o sol, é magra e alta. É advogada, uma advogada de prestígio e muito solicitada, pois ganha a maioria dos casos em que se envolve.
Vesti-me.
Ainda estava de luto, o meu pai tinha morrido a menos de um mês, morreu de cancro do pulmão, fumava muito. Eu tinha muito orgulho nele apesar de tudo, era médico pediatra, não conseguia ver uma criança a sofrer ue lhe doía imenso. Quando ele chegava a casa depois do trabalho, ia para o alpendre, se sentava no banco de balouçar e ficava muito tempo a olhar para as estrelas, já sabíamos que uma criança tinha morrido ou estava mesmo para morrer lá no hospital. Nessas alturas ninguém o incomodava, pois sabíamos que queria estar sozinho.
Antes de falecer lá no hospital, ele deu-me uma carta e disse-me " Filha, abre esta carta só quando achares que estás pronta para realizar o teu…" e fechou os olhos, sem nunca mais os abrir. Sim, o meu pai morreu nos meus braços sem me acabar de dizer o que tinha a dizer, mas ali a minha frente, fui a ultima pessoa a vê-lo com vida. Eu amava-o mesmo muito. E sabia que ele me amava, ama e sempre me amará.
Até hoje, a carta esáa na primeira gaveta da minha escrivaninha fechada a chave, e eu sou a única que tem chave e, ainda não me sinto preparada para a abrir.
Quando cheguei cá em baixo a sala de jantar, a minha mãe já estava sentada na mesa a minha espera para tomar o pequeno-almoço.
-Olá mãe. – Saudei eu ao mesmo tempo que lhe dava um beijo na sua bochecha rosada.
-Olá filha. – Respondeu ela com a sua voz doce e delicada.
-Devo chegar tarde, tenho um julgamento e não sei a que horas vai acabar, a D. Amélia vai te fazer o jantar, e deixa o meu no microondas.
-Claro mãe, não há problema. A Inês é capaz de dormir cá hoje, visto que amanha é sábado ok?
- Sim filha, eu gosto muito da Inês e sabes disso.
-Obrigada mãe e ate logo.
-Não queres boleia para algum lado?
- Não é preciso, vou na mota com a Inês, ela deve estar mesmo a… (toca a campainha), falando nela. Vou indo .
-Ate logo filha.
Dei-lhe um beijo ao de leve.
Quando cheguei cá fora, lá estava a Inês a esboçar um enorme sorriso, como já era normal nela. Ela fazia-me feliz. A Inês é a minha melhor amiga há muitos anos e nunca, nunca me deixou ficar mal. Diz o que tem de dizer, faz o que tem de fazer mas tudo para o meu bem pois para ela eu sou mais importante do que ela e para mim ela é mais importante que eu, por isso normalmente tratamo-nos por "irmã".
- Olá irmã. – Disse ela começando a caminhar junto a mim para a garagem onde se encontrava a minha mota.
- Olá totó. – Respondi eu, esboçando um enorme sorriso enquanto a Inês me batia no braço em jeito de brincadeira. Abri a garagem, subi para a mota, liguei-a e parei fora da garagem enquanto a Inês fechava a garagem como era habitual.
 Fomos ás compras ao Colombo, almoçamos e a Inês teve de ir para o treino. Era no estádio da luz por isso não quis que a levasse, era a menos de  minutos.
Eu decidi ir até á praia. Eu adorava o mar, adorava a praia, adorava aquela calma que eles me transmitiam, lá sentia-me mesmo bem.
O mar estava calmo, sem vento e a praia deserta. Sentei-me na fina areia quando de repente sinto uma enorme vontade de ir nadar e assim o fiz, a minha sorte era ter biquíni por baixo. Depois de varias horas dentro de agua resolvi sair.
Vesti a minha roupa e sai da praia. Até que de repente ouço o meu telemóvel a tocar, era a Inês.
-Olá Inês – disse eu – Passa-se alguma coisa?
- Olá Bia, não é nada de mais mas acabou agora o meu treino de voleibol e vou sair agora, queria saber se querias vir aqui ao estádio ter comigo e depois íamos comer alguma coisa , que me dizes?
-Sim, dá-me 10 minutos e eu estou aí. Espero por ti em que porta? Nas traseiras ou na principal?
-Na principal, vou sair pela frente hoje.
- Ok Inês, até já então.
-Até já Irmã. – Disse ela, rindo-se de seguida.
Desliguei o telemóvel e guardei-o na carteira. Não era muito de andar com o telemóvel, só mesmo neste casos, preferia falar directamente com as pessoas.
Subi para a mota e lá me dirigi para o Estádio onde a Inês me devia esperar.
As ruas da capital não estavam com muita movimentação , apesar de ser inicios de Abril. Os estudantes deviam estar na praia, visto que estavamos nas ferias da Pascoa e o calor já se fazia sentir e o resto das pessoas deviam estar a trabalhar ou a regressar dos sitios onde passaram a Pascoa.
2º Capitulo - "Primeiro Olhar"
Finalmente, avistava o parque de estacionamento do estádio. Dirigi-me para lá e estacionei a mota. Quando ia a atravessar o parque de estacionamento do estádio vejo um carro a vir em marcha atrás e bateu-me e eu em desequilíbrio caí para o chão meia tonta.
O carro parou e alguém sai de lá de dentro. Era alto, tinha um casaco e o carapuço na cabeça. Foi-se aproximando e ajudou-me a levantar.
-Tu estás bem? – perguntou com uma voz meiga e delicada. Tinha um sotaque de brasileiro mas não sei se o seria de verdade, a cara estava escondida pelo carapuço assim como o cabelo.
-Sim, quer dizer mais ou menos. Isto passa-me. – Acabei eu por conseguir dizer.
 -Não, precisas de ir a um médico.
Nesse mesmo instante pega no telemóvel e inicia uma chamada.
-Estou Rúben. Ainda estás aí dentro?
-…
- Ainda bem. Preciso que me faças um favor.
- …
- Pergunta ao Doutor Bento Leitão se pode ver uma pessoa que está magoada.
-…
- Ok, então eu vou já para dentro. Ah e não fales a ninguém disto sff.
- …
- Obrigada mano.
-…
E desligou a chamada.
Aquela voz, eu reconheci-a, eu sabia que sim mas só não sabia de onde era. Mas era uma voz doce, uma voz calma e suave. Era uma voz que me fazia sentir bem mas mais que isso, essa voz fazia-me sentir segura.
 -Bem, vais ter de vir comigo. Vou-te levar a um médico. – disse aquele rapaz que estava ao meu lado, disse-o de uma maneira doce e calma como a sua voz.
- Não preciso, obrigada. Eu estou bem, isto já passa, foi uma queda pequena.
-Nem pensar, vais agora ao médico. É já aqui no estádio, não precisamos de andar muito. – disse, sorrindo em seguida.
Não insisti mais. Secalhar ser vista por um médico não era assim tão mau.
Ele deu-me a mão, amparando-me e começamos a caminhar em direcção ao estádio.
- Então, como te chamas?
-Bia, quer dizer Beatriz mas toda a gente me trata por Bia, por isso podes tratar-me por Bia, e tu, como te chamas?
- Eu?
-Sim, tu.
-David, chamo-me David.
-Ah, está bem. Tens de ter mais atenção quando conduzes. – disse eu sorrindo para ele.
-Pois, eu estava distraído não foi mesmo por mal. Desculpa-me.
-Oh, não te preocupes, eu estava a pegar contigo.
Dito isto, ele colocou-se a minha frente e abriu uma porta, era toda branca com o símbolo do Benfica e dizia "Departamento Médico".
Quando entramos eu nem queria acreditar, estava lá o Ruben Amorim, sim o Ruben Amorim jogador do Benfica e com ele um senhor com barba branca, devia ser o Doutor Bento Leitão.
Neste momento eu comecei a juntar todas as peças do puzzle. Se eu quase tinha sido atropelada por um Q7 branco, se o rapaz era alto e tinha sotaque brasileiro, se ele se chamava David e se chamou "mano" na chamada ao Rúben Amorim, isso quer dizer que aquele rapaz que me bateu com o carro, aquele rapaz que me ajudou a levantar e que a voz era tão doce, aquele rapaz era o David Luiz, aquele rapaz ali ao meu lado a me dar a mão era o meu maior ídolo e não tinha percebido isso.

3º Capitulo - "Olhar forte e sincero"

Abri os olhos, doía-me um pouco a cabeça e senti-a o meu estômago a "andar ás voltas", não me lembrava do que me tinha acontecido. Olhei para o lado e não estava mais ninguém a não ser um senhor de certa idade, estava virado de costas e não o reconheci. Quando ele se virou, vi quem era, era o doutor Bento Leitão e foi nessa altura que me lembrei do que se tinha passado. Depois de me ter apercebido que era o David Luiz que estava ao meu lado devo ter desmaiado ou coisa assim , porque depois de isso não me conseguia lembrar de nada mais.

O Doutor virou-se e dirigiu-se a mim.

- Então, como se sente?

-Eu? Eu sinto-me um pouco tonta, dói-me um pouco a cabeça e sinto o meu estômago a andar ás voltas.

-Pois, é normal. A menina esteve desmaiada quase 1 hora. Se não fosse o David a agarra-la podia ter dito bem pior.

- Doutor, posso perguntar-lhe uma coisa?

-Sim, claro que pode.

-O David que o senhor referiu era o David Luiz não era? Ou eu apenhas sonhei com isso.

Ele riu-se, não sei se com a minha pergunta ou com a minha ignorância.

-Sim, era o David Luiz que estava aqui e por falar nele, ele deixou-lhe um recado. Pediu para eu lhe dizer que pede imensas desculpas por quase a ter atroplado e pede também imensas desculpas por não puder estar aqui até acordar, mas ele e o Ruben tiveram de ir pois tinham treino e já estavam bastantes atrasados.

-Ok, obrigada doutor. – Disse eu, mas as palavras custaram a sair. Ainda não acreditava, o meu maior ídolo tinha-me pedido imensas desculpas.

- Doutor, desculpe estar a incomoda-lo outra vez, mas não sabe onde o posso encontrar? Era só mesmo para lhe dizer obrigada.

-Sim, sei. Eles hoje treinam aqui no estádio, quer dizer o treino deve estar mesmo a acabar. Mas se a menina for já pode ser que ainda o apanhe.

-Obrigada. Sendo assim, posso ir?

-Mas tem a certeza que se sente melhor?

-Sim, sinto.

-Então, sendo assim pode ir.

-Obrigada doutor, obrigada por tudo mesmo.

Ambos sorrimos e eu saí da sala. Eu conhecia mais ou menos o estádio, de ir ver os jogos tanto de futebol como os da Inês de voleibol. Por falar na Inês, ela deve estar á minha espera á muito tempo e ela detesta esperar, mas, eu tinha de ir a correr para o relvado senão já não apanhava o David e tinha de lhe agradecer por tudo o que fez por mim. Eram só mais 5 minutos, a Inês não se devia importar muito.

Assim sendo, dirigi-me para a porta de saída do relvado e fiquei mesmo desiludida quando lá cheguei, porque já não estava lá ninguém, nem um único ser lá estava.

Quando me ia a virar para vir embora senti uma mão nas minhas costas, era uma mão grande mas suave. Assustei-me e dei um salto.

- Não precisa de se assustar. – disse uma voz, era ele, eu tinha a certeza que era ele. Virei-me e ficamos frente a frente, era mesmo ele.

- Não me assustei, apenas não estava a espera que aparecesses assim de repente.

- Não estava á minha espera?

- Eu?

- Sim, voçê.

- Não, quer dizer sim, quer dizer mais ou menos.

- Em que ficamos? – Disse ele esboçando um largo sorriso.

- Só te queria agradecer por me teres ajudado.

- Agradecê?

- Sim.

- Mas fui eu quem machocou coçê, não teria ficado mal se eu não lhe tivesse batido com o carro.

- Isso foi um acidente e como podes ver eu estou bem. – Disse eu, enquanto dava uma volta. Rimo-nos em conjunto.

- Mas não me chegou a dizer o que vinhas fazer aqui ao estádio.

- Vinha ter com a minha melhor amiga, a Inês, ela joga voleibol e teve treino, que por falar nisso já acabou á muito tempo e ela já se deve estar a passar de estar a tanto tempo a espera.

- Pois, eu também tenho o Rúben a minha espera.

-Bem, assim sendo, Obrigada e até um dia.

-Sim, depois combina-mos um café ou assim.

- Depois vemos isso. Adeus.

-Adeus.

Antes de cada um ir para seu lado, ainda nos olhamos directamente, um olhar forte e sincero.

Corri para ir ter com a Inês, quando lá cheguei ela estava com uma cara que metia medo ao susto.

- Olá Irmã. – Disse eu sorrindo para ver se ela me desculpava.

- Olá. Bia, eu estou á quase duas horas á tua espera, duas horas, sabes o que é isso?

-Eu sei e peço imensa desculpa.

- Só desculpo se me pagares o jantar.

- Combinado. – Rimo-nos as duas.

- Então vamos embora que estou cheia de fome. Ainda sabes onde tens a mota?

- Claro que sei Inês.

- Nunca se sabe. – Disse ela rindo-se, como era habitual nela.

Dirigimo-nos em direcção á mota. O carro do David ainda lá estava, o que significava que ele ainda não tinha ido embora.

Subimos para a mota, colocamos os capacetes e eu pôs a mota a trabalhar.

Quando ir a passar pela porta do estádio, tive de parar pois estava uma fila enorme. Nesse momento sai o David e o Rúben de dentro do estádio e a Inês, diz-me baixinho ao ouvido:

- Irmã, olha ali o David Luiz, o teu ídolo.

Eu não lhe respondi e nem sequer olhei para o local onde eles estavam.

Até que de repente vejo eles já quase ao meu lado. Nesse momento só desejava que a fila andasse, mas ela não andou.

4º Capitulo - " Descoberta"

- Achas que estás em condições de conduzir? – Disse o David. Eu fiquei mais vermelha que um tomate.

- Sim, estou. Eu já estou bem obrigada.

- E se tens um acidente?

- Outro? Isso também já era muito azar. - Disse eu rindo-me.

- Não brinques com coisas sérias Inês.

- Eu não estou a brincar. A sério que estou bem, não te preocupes e eu tenho de ir
que a fila já andou e eu estou com pressa. Mais uma vez, obrigada.

- Tem cuidado contigo, adeus.

- Adeus.

Ambos ainda olhamos para trás e sorrimos.

Foi bom tê-lo conhecido, mas já tinha acabado. Não podia durar mais, eu e o David
nunca poderíamos ser amigos. Ele era famoso e eu não passava de uma rapariga normal.

Porém, ele não me saia da cabeça, era algo forte que não conseguia controlar.

- Bia ? Bia?

- Ah, desculpa Inês, estava distraída.

- Pois eu até posso imaginar em que estavas a pensar. – disse a Inês rindo-se em
seguida.

- Não comeces.

- Eu não, só quero que me expliques o que se passou para o David, sim, o DAVID
LUIZ , vir falar contigo.

- Não se passou nada de mais.

- Achas que eu sou burra? Bem, até posso ser mas para isto não.

- Ok, ok Inês, eu conto-te mas só depois de chegar-mos a minha casa.

- A tua casa?

-Sim, porque?

- Porque vais-me pagar o jantar ou já te esqueces-te?

- Não, não me esqueci. Eu vou-te pagar o jantar mas vamos jantar em minha casa. -
disse eu esboçando um largo sorriso em seguida.

A Inês disse qualquer coisa depois, mas sinceramente nem percebi, pois voltei a
pensar nele, eu não podia pensar nele, estava completamente proibido isso acontecer.

Finalmente chegamos a minha casa. Como eu já sabia não tinha lá ninguém.

Subi até ao quarto e a Inês seguiu-me. Deitei-me em cima da cama e a Inês sentou-se
aos meus pés.

- Podes começar. – disse ela com o seu sorriso maravilhoso.

- Começar com o quê? – perguntei eu , fazendo-me de desentendida. Eu sabia o que ela
queria, queria saber o que se tinha passado de tarde mas eu, por um lado queria lhe
contar mas por outro não, pois ao contar-lhe estava a dar demasiada importância ao
que aconteceu. Não é que não tivesse essa importância, porque teve, mas eu tinha de esquecer o que se passou, em especial esquecer que tinha conhecido o David.

- Oh, não te faças de desentendida, sabes bem o que quero saber.

- Não Inês, asserio que não sei.

- Quero saber o que se passou esta tarde.

- Esta tarde? Bem, enquanto foste para o treino, eu fui até á praia e depois fui ter
contigo.

- Não te faças de engraçadinha Bia, o que se passou com o David?

- Ah isso.

- Sim, isso. Anda lá Bia estou a morrer de curiosidade.

- Não foi nada de mais. Quando ia ter contigo ele veio com o carro para trás e quase
me atropelou, depois ajudou-me e levou-me ao médico do Benfica e depois eu agradeci-
lhe. Como vês nada de muito empolgante.

- Posso fazer-te uma pergunta Irmã?

- Claro que podes.

- Tu não sentiste mesmo nada?

- Como assim?

- Tipo, não sentiste nada de especial?

- Tirando a parte de estar perante o DAVID LUIZ jogador, não, nada de mais. Mas
porque essa pergunta?

- É que eu já me tinha cruzado com ele algumas vezes e fiquei interessada nele e
consegui o número dele. E hoje ia-te perguntar se não te importavas que eu começasse
a falar com ele, mas como se passou isto hoje tinha medo que também tivesses ficado interessada.

- Não, podes estar á vontade Inês. – Era claro que eu tinha sentido algo, não o poderia negar, mas também não o poderia dizer á Inês, se ela estava interessada e se isso a fazia feliz eu teria de me habituar á ideia, mas ele, ele não me saia da cabeça. Aquele sorriso, aqueles cabelos e aquele olhar não me saiam da cabeça.

-Ainda bem Irmã, eu não ia fazer nada que interferisse na nossa amizade.
Ambas sorrimos.

Descemos ao piso de baixo e fomos jantar. A D. Amélia tinha deixado carne assada e arroz no microondas para nós aquecermos.

Comemos e a Inês falava e falava e falava mas eu, eu não estava bem. Eu não conseguia deixar de pensar nele e nela. Não conseguia deixar de pensar no David e no que se passou e não conseguia deixar de pensar no que a Inês me disse. Ela era a minha melhor amiga e se ela queria estar com o David eu não me ia meter no meio, por muito que me custa-se.

Por mais que eu tentasse negar aquele momento com o David não me foi indiferente, eu senti algo mas tipo, ele é o David Luiz não é uma pessoa comum, mas mesmo assim eu vou tentar não me meter no meio de eles os dois.

Eu e a Inês subimos para o quarto e a Inês decidiu ligar ao David, visto que ela conseguiu arranjar o numero dele, eu apoiei por muito que me doesse.

5º Capitulo - "A amizade em primeiro lugar"

- Estou David?

- Sim, quem fala?

- Bem, eu sou a Inês.

- Não conheço nenhuma Inês.

- Sou amiga da Bia.

-A… A Bia que eu conheci hoje? – disse ele com alguma felcidade.

- Sim, essa mesma.

- Então ainda bem que me ligas-te. Podes me dar o numero dela sff? – A Inês ficou
triste com isto que o David lhe disse. Ela não estava a espera de uma nega tão
grande.

-Hum…Bem…Ela está aqui a minha beira, vou lhe passar. – E passa-me o telemóvel.

-Olá. – disse eu. Eu por um lado estava feliz mas por outro não queria magoar a Inês.

-Olá Bia. Então, chegas-te bem a casa? Já estas melhor?

- Sim, já estou pronta para outra. – disse eu, soltando um pequeno riso em seguida.

-Não brinques com coisas sérias. E por falar em coisas sérias, amanha eu tenho
treino as 10 e acaba por olta do meio dia, estava a pensar se não querias ir até ao
Seixal e depois íamos almoçar a beira da praia. Que me dizes? – Eu queria dizer
naquele exacto momento que sim, queria dizer que era o que eu mais queria no mundo,
mas, a Inês quando ouviu isto saiu do meu quarto, eu sabia que ela ia chorar, ela é
como eu, não gosta de chorar á frente de pessoas. Tenho de escolher, mas quem
escolho? Uma melhor amiga de uma vida ou a pessoa de quem estou a começar a gostar?
Escolho o amor ou a amizade?

Eu não vou magoar a Inês como no passado aconteceu com o Rodrigo, a amizade dela é o mais importante na minha vida.

-Bia? Não respondes? – disse o David.

-Desculpa, estava distraída. Desculpa mas não vai dar. – disse eu triste e
envergonhada.

-Oh, na boa. Fica para depois de amanha. - disse ele contente mas eu iria de ter de
estragar essa felicidade por muito que me custasse.

-Acho que não percebes-te, não vai dar nem hoje nem amanha nem nunca David. Desculpa.

E desliguei a chamada. Custou-me tanto fazer aquilo, só me apetecia chorar mas não o iria fazer, não o ia fazer porque a Inês é o mais importante e ela precisa de mim
neste momento.

Sai do quarto e dirigi-me á casa de banho onde estava a Inês.

- Irmã? Abre a porta.

- O que é que disseste? – Ela mostrou uma certa felicidade na voz, sim, eu raramente
lhe chamava irmã, não era porque ela não o fosse para mim mas porque eu não era
pessoa de demonstrar os sentimentos.

- Chamei-te aquilo que significas para mim, - sentei-me encostada a porta mas do lado de fora e continuei a falar – Inês, eu adoro-te, sei que não te digo isto
muitas vezes mas o que interessa é o sentimento e digo-te não existe nenhum
sentimento capaz de expressar o que eu sinto por ti, nenhum tem essa força, essa
harmonia ou esse significado. E é por isso que eu disse ao David que não ia sair com
ele nunca, porque eu quero que sejamos as duas felizes e lembras-te da promessa que
fizemos a cerca de um mês quando … - as lágrimas começaram-me a cair pois ia falar
de uma coisa que ainda me magoava imenso - … quando o meu pai morreu? Prometemos estar sempre juntas e não deixar que nada nem ninguém destrua esta amizade tão linda
e mágica e sentida como a nossa é.

Levantei-me e limpei os olhos, mas, as lágrimas não paravam de cair. Não choro nunca
á frente de pessoas, mas era só a Inês, com ela não tinha segredo nenhuns e não tinha medo ou receio de mostrar quem eu era realmente, com ela eu era eu própria como não era com mais ninguém.

Ela saiu da casa de banho e abraçamo-nos, era uma abraço sincero, um abraço que representava uma amizade muito longa e sem fim á vista.

- Nem acredito que deste uma tampa ao David Luiz por minha causa.

-Tu és muito mais importante que ele, tu és a coisa mais importante da minha vida e eu amo-te.

-Bia? Tu estás bem? – disse a Inês espantada.

-Sim, eu estou muito bem.

- Nunca me disseste que me amavas.

-Há sempre uma primeira vez para tudo.

Voltamos a abraçarmo-nos e a Inês sussurrou-me ao ouvido:

-Eu tanto te amo irmã.

Eu dei um pequeno riso.

Não queria que aquele momento acabasse, não queria separar-me dela, mas ouvi a minha mãe a abrir a porta e fomos ao encontro dela.

6º Capitulo - "Beijo"

- Olá mãe. – Disse eu dando-lhe um beijo.

- Olá D. Fernanda. – Disse a Inês dando-lhe também um beijo.

-Olá meninas. Como correu o vosso dia?

-Bem. – Respondemos as duas ao mesmo tempo, olhando em seguida uma para a outra em rimo-nos. A minha mãe não percebeu nada mas também não perguntou.

-Meninas, eu tenho um novo cliente e ele amanha de manha vem cá.

-Mas mãe amanha é sábado.

- Eu sei filha, mas é muito importante e eu marquei para o sábado mas não se preocupem que ele só vem por volta das 11h.

-Ah, sendo assim na boa mãe.

Rimo-nos as três.

Depois subimos para cima e fomo-nos deitar.

De manha, eu e a Inês acordamos por volta das 10:30 e descemos para tomar o pequeno-almoço. A minha mãe já encontrava acordada e vestida, há espera do tal cliente.

Tocam a campainha.

-Filha, podes abrir e pedir-lhe para esperar um bocadinho?

-Mas mãe, eu estou de pijama?

-Oh, não te preocupes filha.

Eu estava com uns calções mesmo curtinhos e com uma camisola decotada e curta de pijama.

Dirigi-me a porta e abri-a.

-David?

-Bia?

-O que estás a fazer em minha casa?

-Eu vim reunir com a D. Fernanda, minha advogada.

- Com a minha mãe? – disse eu olhando com uma cara de completo espanto para ele.

- Bem, se ela é tua mãe ou não, não sei, só sei que é minha advogada. Mas ainda bem que aqui estás. Nós precisamos de falar.

Eu sabia do que ele queria falar mas não tinha coragem de lhe falar. Ia-lhe a fechar a porta na cara mas ele interrompeu esse movimento, pondo-se entre a porta e a parede e como é lógico ele tem mais força do que eu e empurrou a porta com força para trás, mas sem me acertar com a mesma.

- Não temos nada para falar. Magoas-te-me, depois ajudaste-me e depois eu agradeci.

Não há mais nada para dizermos um ao outro.

Custou-me dizer aquilo e vi que ele também não gostou. O David começava a ser especial mas não me podia esquecer da Inês, ela era a minha melhor amiga.

-Bom dia, estou a ver que já conhece a minha filha. – disse a minha mãe, aarecendo atrás de mim, impedindo-me de continuar com os meus pensamentos.

-Sim, conhecemo-nos ontem.

-Bem, vamos para o escritório sim?

-Não.

-Não? – a minha mãe ficou perplexa a olhar para o David, mas continuou. – não? Como assim?

- Desculpe doutora, sei que fez um enorme sacrifício para me receber a um sábado e ainda por cima em sua casa mas, eu acredito no destino e eu hoje tive um sinal do destino, por isso peço-lhe desculpa pelo que vou fazer e quando voltar explico-lhe tufo – nesse momento vira-se para mim e diz – tu vens comigo agora, quer queiras quer não.

Agarra-me pelo braço e leva-me até ao seu carro, mesmo carro que no dia anterior quase me atropelara.

Ele sentou-me no lugar de acompanhante, colocou-me o cinto, fechou a porta e dirigiu-se para o seu banco fazendo o mesmo que em tivera feito antes.

Eu não conseguia reagir, não conseguia dizer para ele me deixar sair, se calhar eu queria estar ali com ele. Mas será que isso era o mais correto?

Quando dou por mim estou em frente a uma praia, ela estava deserta. O David para o carro e sai do mesmo. Chega a minha beira, abre a porta , desaperta o cinto e agarra.me muito suavemente na mão e leva-me para fora.

Sentamo-nos na areia.

-Eu estou de pijama.

-Não tem problema, é linda de qualquer maneira.

Corei.

-Obrigada. David, porque me trouxeste aqui?

- Não sei, desde ontem que não paro de pensar em ti e quando te vi hoje de manha em cada da doutora Fernanda fiquei ainda mais confuso. Não percebo porque falas-te assim comigo ao telefone. – parou. Notava-se tristeza na voz.

-Falei assim contigo porque a Inês está interessada em ti e ela é a minha melhor amiga.

-E o que tu queres não conta?

- Conta, mas em primeiro ligar está ela.

David levantou-se e puxou-me consigo para cima. Encostou-me ao peito dele e disse-me ao ouvido:

-Eu nunca fiz isto em toda a minha vida. Nunca beijei uma rapariga passado um dia de a conhecer mas parece que isso vai mudar. – Quando ouvi isto, gelei, tudo em mim parou. Não podia ser verdade. O que se estava a passar? Como tudo tinha mudado?

Não respondi, olhei para o mar, estava o pôr-se o sol sobre o mar, era uma imagem que não se via todos os dias, algo único. Quando olho de novo para David, ele aproxima a cara dele da minha e beijamo-nos. Sim, beijamo-nos assim, ao pôr-do-sol, uma imagem mesmo a filme mas que neste momento me estava a acontecer a mim, e eu não queria parar o beijo, sabia que tinha de o parar, mas não queria. Sentia-me bem, sentia-me segura e confiante, sentia-me como se estivesse a vaguear no estremo vazio do longo horizonte, minha cabeça estava na lua e meu coração em mercúrio, mas quente que o lume a arder e do que o sol em Agosto, era assim que ele me fazia sentir, mas eu questionava-me, como é possível sentir tudo isto num único beijo?

Voltei a realidade e parei o beijo. Desviei-me de David, virei-lhe as costas e perguntei a medo:

- Porque?

-Desculpa.

-Porque?

-Era uma coisa que tinha de fazer.

-Tinhas? Por causa disto eu agora vou ter a minha melhor amiga chateada comigo, tu não tens ideia do que foste fazer, eu não quero nada contigo, - comecei a chorar e a berrar-lhe – vai, agora vai já ter com outra, beija outra e leva-a para a cama. É isso que tu queres, é isso que todos querem, eu não sou assim, não vou deixar que me façam isso outra vez, não vou…

Sai dali a correr, o David ficou parado no mesmo sítio. Se calhar foi melhor assim, eu corria pela praia fora até chegar ao metro. Não estava lá ninguém e vi que ainda faltava cerca de 5 minutos para ele chegar. Pôs-me a pensar, eu não ia deixar que me fizessem o mesmo de novo nem ia fazer o mesmo a Inês, ela já me tinha perdoado uma vez sei que não ia perdoar outra. Mas o Tiago, o que o David fez lembrou-me o Tiago, a pessoa que mais odiava e que queria esquecer.

7º Capitulo - " Reconciliaçao"

Estava tão entranhada nos meus pensamentos que só reparei que o metro tinha chegado quando ele já estava parado a minha frente. Entrei. Como era sábado de manha não estava muito cheio e ainda bem, porque eu estava de pijama. Sentei-me num daqueles bancos de quatro sozinha e enxuguei as lágrimas que ainda me teimavam a cair pela cara triste que levava.

O metro parava mesmo perto de minha casa. Quando cheguei a casa a D.Amélia estava a sair-

- Bom dia menina.

- Bom dia D.Amélia. A minha mãe e a Inês onde estão?

-Olhe menina, a sua mãezinha saiu e disse que só vinha por volta da hora de jantar e a menina Inês também saiu mas não disse nada, disse só que ia para casa.

-Hum, obrigada.

-Adeus menina.

-Adeus.

Sorri, a D.Amélia era muito simpática e não tinha de levar com o que se passava comigo. Entrei, ainda bem que não estava ninguém.

Fui para o meu quarto e troquei de roupa. Vesti um fato de treino preto com uma camisola vermelha e sapatilhas vermelhas, este era um dos meus vícios, combinar todas as peças de roupa.

Depois, fui até ao telhado, na minha casa, o sótão tinha ligação para o telhado e como não era muito inclinado adorava sentar-me lá a olhar o céu. Só ia para lá quando ia fazer duas coisas, ou ia pensar ou ia escrever uma música. Levei a viola comigo, um caderno e uma caneta, sentei-me a pensar, pensei na Inês, como sempre esteve ao meu lado e nunca me abandonou, lembrei-me que ela adorava as minha letras mas nunca lhe escrevi uma canção.Á medida que ia pensando ia tocando uns acordes e saiu isto:

No céu, tantas estrelas
Estão a brilhar
Porém, eu noto-te
Em qualquer lugar
És a estrela que mais brilha
És diferente e reluzente
Tua alma é sincera,
Limpa e transparente

Quero ser igual a ti
Pois como tu não há
Com teu amor….
Eu tenho força para continuar
A conseguir ultrapassar
As barreiras que surgem
No meu caminhar

Gosto de ti
Pois nunca me abandonas-te
sempre que precisei
Estives-te lá e me ajudas-te
Diz-me uma maneira
De te poder agradecer
Por tudo o que dizes-te
Por me ensinares a viver

Quero ser igual a ti
Pois como tu não há
Com teu amor….
Eu tenho força para continuar
A conseguir ultrapassar
As barreiras que surgem
No nosso caminhar

( letra escrita pela autora da fanfic, ou seja pela Nii’i )


Esta música era da Inês e para a Inês, agora só tinha de ir a casa da minha melhor amiga e cantar-lhe esta música eu sei que ela vai perceber o que lhe quero dizer.

Agarrei na viola e no caderno e desci. Saí de casa e dirigi-me para casa da Inês, quando lá cheguei fiquei parada a olhar para a pessoa com quem a Inês estava a falar no jardim, não podia ser verdade, ela não me ia fazer isso…

Aproximei-me e constatei que era verdade, a Inês estava a falar com o Tiago, o mesmo que em tempos namorou comigo e me traiu, o mesmo Tiago que a Inês gostou e eu fui uma parva por namorar com ele sabendo que a minha melhor amiga gostava dele. Mas porquê? Porque que a Inês estava a falar com ele se já não falava com ele há mais de três meses que foi quando acabamos?

Escondi-me no jardim da Inês e esperei que ele fosse embora. Quando ele saiu esperei que a Inês fechasse a porta e toquei a campainha.

-O que é que tu queres? – disse a Inês com voz de zangada.

-Inês não me fales assim.

-Tasse bem. Queres alguma coisa ou não?

-Quero.

Neste momento pousei o caderno no chão, peguei na viola e comecei a tocar a música que tinha escrito para ela. Ainda não tinha chegado ao segundo refrão e ela já estava a chorar.

Acabei a música e pousei a viola. Abraçamo-nos.

- Desculpa meu amor, desculpa desculpa desculpa. Eu não vou fazer outra vez o mesmo, Juro que não.

-Shiu, esquece Bia. Vamos esquecer tudo sim?

Eu queria dizer que sim, mas não pronunciei nem uma palavra, apenas a abracei ainda mais, penso que ela percebeu a minha resposta.

Despedi-me da Inês e fui para casa.

Sentei-me na minha cama e agarrei-me a uma almofada muito especial, não demorou até me começarem a cair as primeiras lágrimas. Era a almofada que o meu pai me tinha dado no dia antes de falecer. Nem acredito, relembrar outra vez. Ele já morreu a cerca de dois meses mas parece tão recente, comecei a sentir muito a falta dele e chorei até não ter mais lágrimas.

8º Capitulo - " Confissões e a Carta"

Depois lembrei-me de uma coisa, aquela carta que ele deu, acho que era o momento certo para a abrir. Abri a gaveta, tirei a carta e comecei a lê-la.

“ Filha, se chegares a ler esta carta é porque eu já terei morrido sem te ter dito o que estava a programar para ti. Sei que um dos teus sonhos é cantares por isso falei com um amigo meu, aquele que tu gostas muito que é o maior produtor de música de Portugal, bem, consegui com que ele te ouvisse. Tens de levar um tema original e encantar. Bia, eu sei que tu consegues, não tenhas medo nem vergonha de cantar em público, faz isto por mim. Tens de estar no estúdio dele quinta-feira, 8 de Abril pelas 10 horas.
Estou a olhar por ti no céu e a ver-te triunfar, lembrar-te, no palco és só tu e a música e ninguém irá se meter no meio.
Um beijo deste teu pai que te adora.”

Quando acabei de ler a carta olhei para o calendário que estava em cima da mesinha de cabeceira, 8 de Abril era amanha, ou seja, tinha até amanha para escrever uma música e ensaia-la.

Ia fazer isso, ia vencer este meu medo de cantar em público pelo meu pai, ele merecia isso.

-----------------------------------

(duas semanas depois, 22 de Abril)

- Bia, eu sei que vai ser o teu primeiro espectáculo e que estás nervosa mas não tenhas medo, tu consegues. – Dizia o Luís, que era o tal produtor amigo do meu pai. Eu fui ter com ele naquele dia e cantei, ele gostou tanto que me contratou logo. Passado uma semana ligou-me a dizer que hoje iria ter o meu primeiro espectáculo, era um amigo dele que fazia anos e ia dar um jantar no melhor restaurante de Lisboa e o Luís queria que fosse eu a cantar.

As coisas com a Inês também têm andado bem e com o David, nem se fala. Nunca mais falamos, deixei de ir buscar a Inês ao treino e pedi á minha mãe para deixar de trazer os clientes cá a casa. Porém não deixava de pensar nele e por mais que me custasse admitir eu tinha muitas saudades dele.

- Bia, é agora… - Disse o Luís, interrompendo os meus pensamentos.

Eu nao sabia muito bem o que levar vestido, por isso nao fui nem muito elegante nem muito banal. Fui simples mas o vestido era muito bonito.

Estava nervosa mas ao mesmo tempo confiante. Quando subi ao palco só pensava no meu pai e no que ele tinha feito por mim. Não o iria desapontar.

Cheguei lá, olhei e vi muitas pessoas mas estava mais calma do que pensava.

Coloquei a viola que lá estava ao pescoço e pus o microfone a minha altura, sentei-me no banco e comecei a tocar a introdução.

Os meus olhos encontraram alguém que não esperava, o David estava lá e não consegui desviar o olhar dele, assim sendo cantei toda a música de olhos postos nele e ele de
olhos postos em mim.

Cantei a música da Inês, aquela que lhe tinha escrito para lhe pedir desculpas por oq ue se passou com o Daivd.

A musica termina e todos aplaudem de pé, coloco-me também eu de pé.

O Luís dirige-se a mim e pega no microfone.

- Esta é a Beatriz Vale, grande promessa não? ( virando-se para mim), Bia, é assim que todos te tratam nao é? ( eu acenei em sinal positivo com a cabeça), Diz-me uma coisa, esta musica tem um significado especial para ti nao tem?

-Tem sim, esta música foi escrita para a minha melhor amiga, porque ela é das pessoas mais importantes da minha minha vida e é tambem das que mais amo. Nao imagino a minha vida sem ela. Amo-te tótó. - disse virando-me para a Inês que estava de lado do palco.

Todos se riem e a Inês manda-me um beijo, eu retribui-o.

Passei o microfone ao Luis e ele continuou a falar:

-Bonita declaraçao Bia, mas agora quero chamar o meu grande amigo e aniversariante David Luiz.

David dirige-se para o palco enquanto todos apaludem de pé.

Pega no microfone e diz:

- Em primeiro lugar quero agradecê a todos os presentes, é um dia muito importante para mim e é muito bom que estejam todos os que eu mais amo aqui. - virando-se de seguida para mim, eu envergonhada baixei a cara ele continuou - Em segundo lugar quero dizer que esta rapariga cantou uma muscia que em tocou. Vou vos contar uma historia e vão perceber porque me tocou tanto esta música. Um dia quando ia po treino quase atropelava uma rapariga, a rapariga era baixinha mas muito bonita. Ajudei-a e levei-a ao Doutor Bento Leitao pa ser vista por ele, ao qual quero agradecer, quando ela entrou no consultório viu a cara horrivel ali do manz e demaiou nos meus braços. Eu senti que ela estava segura, que nada lhe podia acontecer. Mas tive de ir para o treino porque o babaca do Rúben nao se calava ...

- Em minha defesa, - diz o Rúben levantando-se - quero dizer já estavmos 30 minutos atrasados e o depois eu por culpo desde cara de cu tinha de correr o treino todo.

Todos se riem e o Ruben faz uma cara seria para o David e este faz o mesmo mas depois ambos se riem.

- Bem, continuando onde eu ia, Fomo po treino e quando ia a sair dos balnearios tive a maior surpresa porque essa rapariga estava lá e estava bem. Falamos muito pouco e depois ela teve de ir embora. Destino ou nao, no dia a seguir quando fui a casa de uma amiga, sim, digamos amiga ela estava lá, mesmo de pijama ela estava linda. Me abriu a porta e disse que nao queria falar comigo. Eu peguei nela, a meti dentro do carro e levei-a para um sitio onde nunca tinha levado ninguem. Falamos e no fim, beijei-a, foi algo que tinha de fazer, algo que nao aguentava mais tempo. Foi um beijo que eu nunca tinha sentido, único, sincero e tudo mais. Depois ela diz que nao quer nada comigo porque a melhor amiga dela estava interessada em mim, entao eu lhe perguntei quando ela pensava primeiro nela, a resposta dela foi " ela estave sempre esteve, está e sempre estará em primeiro lugar na vida, nunca faria nada que a magoasse, para eu ser feliz ela tem de ser feliz", nao sei se foi por estas palavras mas foi mais ou menos, virou costas e começou a correr para longe a chorar. Eu nao fui atras dela porque vi que aquele amiga era mesmo muito importante para ela e eu nao era capaz de estragar uma amizade assim. Tambem fiquei naquela praia sozinho a pensar. Por isso esta musica, como foi para uma melhor amiga mexeu comigo. Mais uma vez obrigada a todos e continuem a aproveitar o resto da festa.

Entregou o microfone ao luis e saiu do palco. Todos se levantam e apaludem. Algumas pessoas choravam com o discurso.

Uma lágrima caiu-me lentamente e nao a consegui evitar. Tambem eu sai do palco e fui para os camarins. A Inês veio atrás de mim.

9º Capitulo - " Ele ouviu tudo"

Sentei-me numa cadeira em frete ao espelho e chorei, chorei. Chorei por ter conseguido realizar o que o meu pai queria para mim, chorei por estar ali o David, chorei pelo que o David disse, chorei por nao saber o que sentia e chorei por nao ter falado a Inês do beijo.

- Ele estava a falar de ti nao estava? - perguntava-me a Inês. A sua cara era de fúria mas ao mesmo tempo de desilusao e tristeza.

- Sim, era.

- Porque nao me disses-te o que se passou naquela praia?

- Porque eu prometi que o que se passou com o Tiago nao se iria voltar a passar. Nao voltaria a por nenhum rapaz a tua frente, porque tu és a minha melhor amiga. E por falar em Tiago, o que é que ele estava a fazer a tua porta naquele sábado da praia?

- Tu viste-o?

- Sim vi, mas nao mudes de assunto. Responde a minha pergunta.

- Ele queria que eu o ajudasse a voltar para ti. Diz que foi uma estúpidez terem acabado.

- Que lhe respondes-te? - perguntei eu muito friamente.

- Eu disse-lhe que se ele quisesse que te reconquistasse sozinho e disse que nao ia ter muita sorte porque tu namoravas com o David Luiz. - dito isto ela baixou a cabeça.

- Inês, tu estas bem?

- Agora sim, mas eu naquele dia estava mesmo magoada contigo Bia e aquilo saiu-me.

- Nao podia ter saido.

- Eu sei, desculpa.

- Mas ele disse-te que ia fazer alguma coisa?

- Virou-me a cara a foi-se embora a rir.

- Eu conheço o Tiago, ele está a tramar alguma.

Levantei-me e fui a janela. Era o que eu temia, o carro do Tiago estacionado á porta do restaurante. Nem queria acreditar, e se ele fazia alguma coisa ao David? Nao podia permitir isso. Sai pela porta das traseiras sem dizer uma única palavra á Inês. Vi-o, estava parado perto do carro a observar o restaurante até que, a dada altura, se desencosta do carro e vai em direcçao ao restaurante. Corro e ponho-me á sua frente, empurrando-o para trás.

- O que é que tu estás aqui a fazer? - Perguntei eu mesmo fúriosa.

- Olá meu amor. - Baixou a cara ( sim, ele tem mais ou menos a altura do David e eu tenho apenas 1.55cm ) para me beijar e eu dei-lhe um valente estalo.

- É que nem penses.

- Ah pois é, tu agora só ligas ao teu amor rico.

- Cala-te parvo, eu e o David nao temos nada e além disse tu nao tens nada haver com isso.

- Eu amo-te bia.

- Tu nao sabes o que é amor. Só sabes usar as pessoas, ( o meu tom de voz começava a subir ) mas tu deves te lembrar muito bem do que me fizes-te. Ou já nao te lembras? Disses-te que gostavas de mim, que me amavas e no fim, só querias uma coisa, sim só querias sexo. E eu, feita cordeirinho lá ia nas tuas cantigas. Quantas vezes abusas-te de mim? Quantas vezes me disses-te que se eu nao fizesse da maneira que tu querias que acabavas comigo? Quantas? hãn? Responde, deixa de ser cobarde. Mas antes que respondas, é bom que fique bem claro. Essa Beatriz morreu e já nao existe, por isso, esses teus jogos para mim chega. Mas sabes uma coisa que me deixas-te e que nem a nova Beatriz consegue mudar? É saber amar. Eu já nao consigo confiar em nenhum rapaz, nao deixo que me toquem ou que me beijem. Já nao me deixo a mim própria me apaixonar. E já que falas-te no David, queres saber é? Nao foi só por causa da Inês que me afastei dele, foi tambem por causa das marcas que deixas-te em mim, por tua causa nao consigo confiar nele. Já nao me chegava teres-me tirado isto como Deus tambem me tirou o meu pai. Realmente, é o que eu mereço, mereço morrer.

Olhei para trás e vi o David parado, ele acabara de ouvir tudo. Nao queria encara-lo, nem a ele nem a ninguem, por isso sai dali a correr. Tinha trazido a minha pequena carteira e lá tinha as chaves da mota que estava mesmo parada do outro lado da rua. Atravessei, liguei a mota e conduzi sem destino, apenas com uma certeza, eu nao devia existir, devia ter morrido no lugar do meu pai, porque ele ajudava pessoas eu, eu nao ajudo ninguem.

10ºCapitulo - "Toda aVerdade ..."

Quando dei por mim estava numa praia, eu reconhecia aquele lugar, era a mesma praia de quando eu e o David demos o nosso primeiro beijo.

Nao sei porque vim para aqui, secalhar porque queria estar mais proximo dele ou secalhar porque adoro o mar e a praia é como a minha segunda casa.
Sentei-me na areia, queria esquecer este dia mas ao mesmo tempo nao. Este dia foi muito imnportante porque consegui realizar um grende sonho meu e mais importante foi
o meu pai que me ajudou a realizar esse sonho.

Senti alguem a sentar-se atras de mim, ficando eu entre as suas pernas e senti depois um abraço, um abraço muito quente, um abraço de alguem que me apertava com força, um abraço que eu queria á muito tempo, um abaraço que eu precisava.

- Podia ter falado pra mim o que se passava. - Disse ele, sim, eu reconheci esta voz, como a reconheceria em qualquer outra parte do mundo. Era ele, nao tinha ficado chateado mas tinha vindo atras de mim, sabendo exactamente onde me encontrar.

- Como sabias que eu estava aqui? - perguntei eu em dúvida.

- Eu lembrei deste sitio porque foi aqui que a gente se beijou e este foi tambem o unico sitio que eu tive com voçê.

- Ah. - disse eu sorrindo de seguida. Um sorriso que o david nao cosneguia ver, porque eu estava de costas para ele, mas era um sorriso sincero, apelativo mas acima de tudo um sorriso de segurança e felicidade.

- Porque nao falou pra mim o que se estava passando? Eu pensei mesmo que voçe me detestasse.

- Achas mesmo? Isso era impossivel. Queres saber de toda a historia?

- Sim, claro que sim. Isto claro está, se voçê quiser contar.

- Nao tem problema, já que ouviste uma parte, mais vale saberes de tudo. Há uns tempos, eu e a Inês conhecemos o Tiago, era aquele rapaz com quem eu estava a discutir a bocado, e entao eu apaixonei-me por ele mas o problema é que a Inês tambem. Ele disse que era de mim que gostava e era a mim que queria. Eu, na altura era uma inocente e deixei-me levar por ele. Um dia, ele convidou-me para ir a casa dele, passado cerca de uma semana de termos começado a namorar, estavamos em casa dele sozinhos, fomos para o quarto dele e ele começou a me beijar e a tentar tirar-me a roupa, mas eu nao queria, nao estava preparada para isso, visto que ainda era virgem, mas ele insistiu e disse que se eu nao fizesse aquilo era porque nao o amava de verdade. - começavam-me a cair pequenas gotas na cara, tentei controlar mas era impossivel controlar, aquelas pequenas lágrimas traziam grande tristeza dentro delas, mesmo assim, resolvi não parar, o David merecia saber de tudo. – Eu
estava cega na altura e assim sendo fiz o que ele me pediu, se queres que te seja sincera aquilo para mim não foi nada bom, foi-me indiferente
pois apesar de não o obrigar a parar não era de minha vontade fazer aquilo. Os tempos foram passando e a Inês não falava comigo, eu apanhei-
o várias vezes com outras raparigas mas ele dizia que ia mudar e eu ia acreditando, até que um dia a Inês se fartou e veio falar comigo, ou
melhor, abrir-me os olhos. Ela disse que já não gostava dele porque se apercebeu do que ele era, e que, apesar de tudo o que tinha acontecido
entre nós eu nunca tinha deixado de ser a sua melhor amiga. – Agora as lágrimas corriam-me com muita intensidade e sinceramente nem tentei
para-las, quando estava assim, na praia com o mar, não tinha medo de nada nem me preocupava com nada, e além disso aquelas lágrimas eram
lágrimas de desabafo, desabafo esse que já devia ter tido a muito tempo. – Fiquei mesmo comovida com o que ela me disse, marcou-me mesmo e desde esse dia que a Inês é a minha vida, ela é mais que uma melhor amiga, mais que uma irmã, mas que uma vida, podes não te acreditar mas eu era mesmo capaz de dar a minha vida por ela. Assim sendo, eu e o Tiago acabamos, no inicio ele ainda tentou algo mas depois quando o
ameacei com um processo em tribunal ele afastou-se pois sabia que a minha mãe era advogada e que não ia ter hipóteses. Eu e a Inês, nesse
dia fizemos uma promessa, a nossa amizade estaria sempre assim de tudo, não iríamos fazer nada que a pudesse prejudicar mas mais que isso,
não iríamos deixar que nenhum rapaz se metesse no nosso meio outra vez.

Acabei de falar, ele permanecia agarrado a mim mas sem nada dizer. Eu também não dizia nada, estava a espera que ele digerisse tudo. Algum
tempo depois ele falou:

- Já acabou de contar tudo pra mim?

- Sim, a história é só esta. – Não percebi o porque desta pergunta.

- Voçê no restaurante disse “Não foi só por causa da Inês que me afastei dele”. Que quis dizer com isto?

- Bem … é que …  - Eu tinha ficado atrapalhada com aquilo e não sabia o que responder.

- Deixa de enrolar e passa a falar. – Apesar da sua voz estar fria ele continuava a me agarrar. Um abraço que era exactamente quente e seguro,
sentia-me protegida. Eu tinha de falar, tinha de lhe contar tudo e era isso que ia fazer.

11º Capitulo - "Espero que sejas feliz"

- David, a Inês é a minha melhor amiga, e digamos que ela tem um queda por ti. Eu já lhe fiz isto com o Tiago, não vou voltar a fazer. Se a Inês está interessada em ti e quer te conhecer melhor eu não me vou por no caminho dela. Desculpa. – Quando acabei de falar uma lágrima caiu-me. Eu também o queria conhecer melhor, não o amava nem sequer gostava dele mais que amigo mas não sei, era algo que me dizia para o conhecer melhor que não me iria arrepender.

O David não falava, continuava-me a abraçar como se não houvesse amanha, mas não falava, não dizia nada. Eu já estava a desesperar, não sabia o que pensar mas pior, não sabia o que ele estava a pensar.

- David, podias dizer alguma coisa?

- Que quer que eu diga? – A sua voz era distante, fria. Será que o tinha magoado? Mas eu só disse a verdade. Não toda, não disse a parte de o querer conhecer melhor mas a parte da Inês era verdade.

- Alguma coisa, diz o que quiseres mas diz alguma coisa.

- O que eu quero dizer você não vai gostar de ouvir.

- Experimenta.

-Muito bem, depois não diga que não lhe avisei. – fez uma pequena pausa e continuou. – Eu não quero conhecer melhor a sua amiga, eu quero conhecer melhor você. Você virou meu mundo pa ponta cabeceira. Nao a amo mas você mexe comigo.

- David...

- Nao, me deixa terminar de uma vez, queria ouvir e agora vai ouvir.

- Tudo bem, continua.

- No dia em que eu conheci você nem sei explicar, mas fiquei feliz, nao por quase ter atropelado você mas por a ter conhecido. Quando você desmaiou em meus braços eu senti que a podia proteger de tudo nao sabia explicar. Seu geito de menininha mas ou mesmo tempo de mulher mexeu comigo. Mas depois se passou aquilo tudo e ficamos aquele tempo sem nos ver. Eu nunca deixei de pensar em você mas nao a queria pressionar, assim sendo nunca mais tentei falar com voçê. Hoje é o meu aniversário e eu queria convidar você mas achei que nao era correcto, mas quando eu a vejo entrar no palco assim tão linda, era como que se um raio de luz estivesse sobre você, naquele momento naquela sala só existia eu e você. Me desculpa pelo que disse no palco mas eu tinha de falar, nao disse seu nome como pode ver mas precisava de dizer pra você tudo o que me ia cá dentro. Agora eu já entendo tudo, porque voçê me afasta e porque nao quer nada comigo. Mas como eu disse, eu nao posso nem quero forçar nada. Tem de ser uma decisão sua.

Eu nao sabia o que dizer neem que fazer, quer dizer eu sabia o que queria mas nao o podia fazer, neste momento a Inês estava a frente como sempre esteve, eu nao a culpo por isso porque ela está á a frente de tudo porque eu quero. Por muito que em custasse tinha de dizer adeus ao David.

Levantei.me e ele fez o mesmo, virei-me de frente para ele e disse:

- Desculpa, mas a minha decisao é a mesma, nao há nada a fazer. Desculpa. - Disse tentando controlar as lágrimas que me tentavam cair.

-Cê é que decide. Não posso fazer nada pra mudar isso. Bem parece que é o Adeus.

- Sim, é o Adeus.

Ele veio dar-me um beijo na testa e seguiu caminho, eu tambem comecei a andar mas na direcçao oposta. Olhei para trás e chamei-o:

- David. - Ele ao me ouvir chamar olhei de repente.

- Sim. - Disse ele esboçando um sorriso, secalhar pensou que eu mudasse de ideias. Nao podia, tinha de ser firme e nao a podia perder outra vez por um rapaz.

- Espero que sejas feliz. - O sorriso dele desapareceu.

- Cê também. -Disto isto virou as costas e continuou o seu caminho. Eu ainda fiquei mais um bocadinho na praia a pensar e a falar com o mar.

- Será que eu fiz bem? Quer dizer eu nem gostava dele nem sei porque estou assim. Apenas nao gosto de magoar as pessoas, é por isso nao é? Diz-me que sim. - Nesse momento o mar revoltou-se. - Pronto, já percebi que hoje nao estás para conversas.

Levantei-me e fui embora. Era o fim, por muito que me custasse, o David apartir daquele momento passaria a ser só o David Luiz, aquele grande jogador do meu eterno Benfica.

12º Capitulo - "Quero ver o meu Benfica ganhar aqueles tripeiros de meia leca"

Passou um mês desde a última vez que vi ou falei com o David. A minha relação com a Inês ia mais que bem. Ela nao quis saber mais do David, disse que ele foi o causador de uma discução nossa e assim nao queria saber dele. Bem, eu acho que ela dava esta desculpa porque andava de olho noutro jogador, sim, a Inês começou a sair com o Rúben desde o dia de anos do David e pelo que sei estavam a dar-se muito bem. Mesmo assim, ela evitava o assunto David entre nós.

Hoje é dia 22 de Maio e há clássico na Luz. A Inês chateou-me tanto a cabeça para ir e eu lá aceitei. A verdade, é que depois do que se passou com o David nunca mais pus um pé na Luz, no estádio do meu glorioso. Ela estava em minha casa, estavamo-nos a vestir para ir ver o jogo.

- Inês, olha e os bilhetes? - Sim, porque eu tinha-me esquecido de ir comprar os bilhetes.

- Eu tenho o teu.

- Quanto pagas-te? Para eu te dar o dinheiro.

- Oh Bia, nem penses.

- Diz lá tótó.

- Tótó o caraças, mas depois pagas-me um jantar. Está melhor assim?

- Sim , muito melhor.

- Bia, já sabes o que vais levar?

- Oh Inês é só um jogo de futebol.

- Sim, mas depois vamos jantar.

- Sim , jantar eu e tu.

- Pois...

- Que queres dizer com isso Maria Inês? - Ela nao se chamava mesmo Maria Inês, mas eu quando estava passada com ela chamava-lhe isso porque sei que ela detesta.

- Que horror, nao me chames isso.

- Nao mudes de assunto e responde.

- Eu convidei o Rubén para jantar connosco.

- O QUÊ?? - Ela me podia ter feito isto, não a mim.

- Desculpa, desculpa Bia, mas ele disse que ia jantar sozinho e uma coisa leva á
outra e olha convidei-o. Mas vamos só nós três, não te preocupes amor.

- Olha sabes qual é a tua sorte? É eu gostar muito de ti. - Esboçei um largo sorriso.

- Obrigada melhor amiga - E abraçou-me.

-Bem, vamos mas é despacharmo-nos que eu nao quero perder nem um minuto do meu
glorioso.

Vestimo-nos e seguimos para o estádio.
Bia
Inês

Ainda faltavam uma hora e meia para começar o jogo mas como iamos de metro e de certeza que ia estar cheio.


Demoramos cerca de uma hora a chegar ao estádio. Quando vi aquela maravilha de novo há minha frente era como que se o mundo fosse só aquilo.

- Bia? Bia? - A Inês acordou-me dos meus pensamentos.

- Sim, diz.

-Vamos?

- Sim, claro. - E começei a caminhar para o meu lado direito que era onde ficavam as postas de entrada. A Inês nao se meuxeu, o que em levou a continuar. - Inês, vens
ou ficas?

- Pois sobre isso Bia, nós hoje vamos entrar pelo lado esquerdo.

- Ah? Tu nao me estas a dizer o que eu penso que me estás a dizer pois nao?

- Sim, vamos ver o jogo dos camarotes.

- Desculpa Inês mas eu nao vou.

-Bia, faz isto por mim. Eu estou mesmo a gostar do Ruben, por-favor.

- Olha Inês eu vou porque primeiro quero ver o meu Benfica ganhar aqueles tripeiros de meia leca e segundo por és a minha melhor amiga.

- Obrigada mesmo amor.

Sorrimos e dirigimo-nos para os camarotes. Eu nunca lá tinha entrado e nao sabia muito bem como aquela gente era. E se eu estivesse mal vestida?

Chegamos á porta e a Inês mostrou as credenciais. Quando chegamos aos camarotes encontrei a pessoa que menos queria encontrar neste momento.

13º Capitulo - "O Javi marcou dois golos e dedicou-mos"

Ele estava lá. Por um lado nao o queria ver mas por outro, fiquei feliz, já nao o via há muito tempo e sentia saudades. Ele nao me viu. Estava de costas a falar com mais alguns jogadores. De repende vejo o Rúben a dirigir-se até nós.

- Olá meninas. - Disse ele com aquele seu sorriso, comprimentando cada uma com dois beijinhos.

- Olá. -Respondemos eu e a Inês em conjunto.

- Ainda bem que vieram.

- Eu nao queria muito mas a Inês é tão chata que pronto, lá me convenceu.

- Ainda bem que ela te convenceu.
Enquanto a Inês e o Rúben se olhavam nos olhos aproveitei para olhar de novo para o local onde o David se encontrava. Continuava de costas. Vejo uma rapariga muito bonita a dirigir-se até ele. Ela parecia que ia para uma festa na maneira que estava vestida.


Como estavamos perto, esforçei-me para ouvir a conversa, sei que nao se deve fazer, mas eu queria mesmo saber quem ela era.

- Olá meu amor. - Disse a rapariga. Meu amor? Não, nao pode querer dizer o que eu estou a pensar.

- Oi amô. - Ok, agora era oficial, eles deviam namorar. Tive a minha confirmaçao logo de seguida, eles beijaram-se. Nao se importaram com mais ninguém naquela sala e beijaram assim sem mais nem menos.

- Amor, quando marcares um golo agora no jogo dedicas-me?

- Claro gatinha.

- Olha e depois do jogo como é?

- Eu vou jantar com algum pessoal. Voçê quer vir?

- Claro amor, mas antes passamos por minha casa para eu trocar de roupa pode ser?

- Cê tá tão linda assim.

- Oh, mas tu sabes que eu gosto de ser a mais linda. - Realmente aquela de convencida nao tinha nada.

- Voçê pra mim é a mais linda.

Senti o meus olhos ficarem cheios de lágrimas. Deixei de ouvir a conversa e virei-me para a Inês, que conversava alegremente ao meu lado com o Rúben, e disse-lhe:

- Amor vou a casa de banho.

- Nao queres que vá contigo?

- Nao é preciso eu já venho.

Ela sorriu e eu fui em direcçao á casa de banho. Quando lá cheguei verifiquei que nao estava ninguém em nenhum compartimento. Encontei-me a parede e chorei, chorei de triste, de dúvida, de raiva e de amor, chorei por ter sido parva e por deitado tudo fora. Tudo tinha sido culpa minha. Mas secalhar era assim que tinha de ter acontecido, secalhar nunca iamos ser felizes e ele era feliz com aquela rapariga.

Levantei-me, lavei a cara e retoquei a maquilhaguem para a Inês nao desconfiar. Saio da casa de banho e vou em direcção aos camarotes quando vou contra alguém que está a correr no corredor.

- Aí. - Queixei-me eu, quando aquela pessoa me deitou ao chão.

- Descupa nao te vi. Estás bem? - Olhei para a pessoa e era o Javi Garcia. Sorri ao me aperceber de quem ele era.

- Sim estou bem, obrigada. Eu acho que é melhor ires porque acho que já estas atrasado.

- Realmente estou mesmo. Mas estas mesmo bem?

- Sim, assério, nao te preocupes. Bom jogo e marca muitos golos.

- Obrigada e se marcar um dedico-te, para me redimir de te ter aleijado.

- Não é preciso.

- Eu insisto.

- Assim sendo, obrigada.

- Mas eu ainda nao marquei.

- Ás vezes as intenções valem mais que as acções.

- Tens razao.

Sorrimos e ele continou a correr para o lado dos balneários. Eu continuei para os camarotes.

- Olha? - Chamou o Javi parando a corrida e olhando para trás.

- Sim?

- Qual é mesmo o teu nome?

- Bia, chamo-me Bia.

- Prezer Bia, eu sou o ...

- Achas mesmo que precisas de apresentações?

Rimo-nos os dois.

- Tens razao. Olha então até logo Bia.

- Até logo Javi.

Cada um continuou o seu caminho inicial.

Quando lá cheguei o David já nao estava lá. Era melhor assim.

Vi a Inês já sentada e dirigi-me até ela.

- Demoras-te. - Disse ela enquanto eu me sentava.

- Desculpa mas fui contra o Javi Garcia.

- Nao tem mal amor.

O jogo passou a correr, o Benfica ganhou por 0-3. O Javi marcou dois golos e dedicou-mos. Fiquei tão contente. A inês tambem estava bastante contente porque foi o Rúben que marcou o outro golo e dedicou-lhe.

A Inês passou o jogo a mandar boquinhas sobre o Javi mas eu disse-lhe que ele estava apenas a ser simpatico.

A "miss", como eu chamava á namorada do David, tinha estado o jogo todo ora a retocar a maquilhagem, ora a arranjar o cabelo ora a olhar para as unhas, enfim uma verdadeira miss.

Já passavam 10 minutos desde o fim do Jogo e já pouca gente se encontrava tanto no estádio como no camarote.

- Inês que fazemos agora?

- Agora vamos para uma sala que é onde se espera pelos jogadores. O Rúben explicou-me onde era e disse para esperar-mos lá pelo Rúben.

Limitei-me a sorrir enquanto a Inês começava a andar. Eu segui-a por entre corredores até que chegamos á porta dessa sala.

14º Capitulo - "Até tou pra ver como vai correr este jantar, tou tou"

( Visão do David )

O jogo já tinha acabado e nós estavamos nos balneários o tomar o banho. Havia uma coisa que nao me saia da cabeça. Já só estavamos três no balneário, eu, o Rúben e o Javi. Então aproveitei e matei a minha curiosidade.

- Javi, para quem eram aqueles dois golos?

- Sim, diz ao pessoal quem é a miúda. - O Rúben tinha de se meter.

- Era para uma rapariga que conheci 10 minutos antes do jogo.

- Ah??? - Dissemos os dois juntos.

- Calma pessoal, eu explico. Então é assim, lembram-se quando eu tive de ir outra vez aos camarotes buscar a braçadeira de capitão que o David se esqueceu? - os dois afirma-mos com a cabeça que sim. - Pronto, quando vinha para o balneário outra vez, como vinha a correr choquei contra uma rapariga, uma rapariga mesmo linda, e como recompensa de ter ido contra ela disse que lhe dedicava se marcasse algum golo. Pronto é isto. - Agora eu já estava esclarecido.

- Olhe Javi acho muito bem. A Elena foi embora e voçê não pode ficar a pensar nisso a vida toda. Agora é bola pra frente cara e se voçê achou gracinha a essa garota então tente a conhecer. - O Javi merecia, desde que a Elena foi embora e o deixou sozinho ele andava muito em baixo.

- Nao sei David. Mas secalhar é isso que vou fazer.

- Mas sabes ao menos o nome dela? - Perguntou o Rúben.

- Sim, chama-se Bia. - Este nome trazia-me recordações, eu ainda nao a tinha esquecido. Sim, namorava com a Sofia mas nao conseguia tirar da cabeça a Bia. Mas de certeza que nao era a mesma Bia, o nome é que era o mesmo. E se fosse a mesma?

- Espera lá. Essa tal de Bia estava nos camarotes? - Perguntou o Rúben. Enquanto isso já tinhamos saido dos balneários e estavamos no corredor de acesso á sala onde os familiares e amigos esperam.

- Sim, quer dizer, acho que sim, pelo menos estava no corredor de acesso lá.

- E ela tinha calçoes de ganga e casaco preto? - Insistiu o Rúben. eu nao percebia o porque desta insistencia toda.

- Sim. Mas como sabes? - O Javi tinha as mesmas dúvidas que eu.

- Isto nao vai correr bem, nada bem mesmo. - Dizia o Rúben.

- Cê tá dizendo isso porquê?

- Já vais perceber o porquê David. - Dito isto ele abriu a porta da sala.

As minhas suspeitas confirmaram-se, era ela, a "minha" Bia era a mesmo Bia do Javi.

Agora eu percebi o comentário do Rúben.

Ela tava tão linda, aliás, como tá sempre. Ela tava de costas e nao nos viu entrar.

Seguimos os 3 até junto dela e da Inês, sim, eu reconheci-a, já nao via ambos desde o dia dos meus anos. Desde o dia em que tudo se desmuronou.

- Olá meninas. – O Rúben despertou-me dos pensamentos.

- Olá – Responderam elas as duas. Eu não conseguia deixar de olhar para a Bia.

- Obrigada pela dedicatória. – Disse ela virando-se para o Javi. Caraca não podia ser, quem me mandou dizer ao Javi para tentar conhece-la?

- Não foi nada de mais, eu prometi e compri.

- Mas só prometes-te um, não era preciso teres dedicado os dois.

- Sim, eu sei. Mas eu quis dedicar-te os dois. – Eu não tava acreditando nisso não. Sim, eu estava com o saco cheio de ciúmes mas eu não podia fazer nada. Ela tinha sido bem clara naquela noite.

- Olá meu amor. – Pronto, era mesmo só agora a Sofia que em faltava. Coitada, ela não tem culpa de nada. Eu gostava dela sim, mas não a amava.

- Olá gatinha. – E beijei-a, beijei-a como nunca antes a tinha beijado. Sim, era para a Bia ver bem que eu já tava noutra, apesar de não ser verdade.

- Bem pessoal e se fossemos jantar? – O babaca do Rúben tinha de quebrar aquele beijo.

- Por mim, também já tenho fome. – Respondeu o Javi.

- Então fazemos assim, David tu vais com a Sofia no teu carro, tu Javi vais no teu e eu vou no meu com a Inês e a Bia. Que vos parece?

- Eu fazia muito gosto que a Bia viesse comigo, para eu não ir sozinho. – Disse o Javi.

“ Para eu não ir sozinho”, aquele cara não arranjava uma desculpa melhor não?

- Claro que vou Javi. – Ainda por cima ela tinha aceitado.

Lá combinamos onde nos encontrar e cada um seguiu no seu carro. Até tou pra ver como vai correr este jantar, tou tou.

15º Capitulo - "Escolhi e não volto com a minha palavra a trás"

Entrei no carro com o Javi.

- Então, de onde conheces o Ruben? – Perguntou o Javi tentando iniciar uma conversa. E agora? O que ia-lhe responder? Porque para responder a isso tinha de falar no David, coisa que neste momento não queria. Resolvi contar-lhe a verdade, ocultando apenas algumas partes. Mas antes, tentei desviar um pouco o assunto.

- Como sabes que conheço o Rúben?

- Porque ele disse que te conhecia, e se ele te conhece é lógico que o conheças a ele. – E riu-se. Não me contive e ri-me come ele.

- Ah.

- Mas ainda não respondes-te há minha pergunta. De onde o conheces? – Era agora que estava feita. Pronto, ia responder ocultando apenas “pequenos” pormenores.

- Foi assim, eu tenho contrato com uma editora musical e entao fui contratada para cantar numa festa de aniversário e era a festa de anos do David. O Rúben também lá estava e deu-se muito bem com a Inês e como ela é a minha melhor amiga conhecemo-nos.

- Agora entendi. Eu não fui a esse jantar porque estava com a Elena. – O seu sorriso desvaneceu quando pronunciou esse nome.

- Eu sei quem é. É a tua namorada.

- Ex-namorada queres tu dizer.

- Ex? Ah?

- Sim, ela foi-se embora. Mas eu não quero falar dela. A Elena pertence ao meu passado e neste momento não a aceitava nem pintada de ouro.

- Desculpa, não devia ter perguntado.

- Não te preocupes Bia, fui eu que falei nela.
Eu apenas lhe sorri. Nesse momento o Javi para o carro e vejo no nosso lado direito um restaurante muito bonito.

- Chegamos? – Perguntei eu não sabendo bem onde estava.

- Sim. Nós costuma-mos vir sempre aqui depois dos jogos em casa. Ligamos a reservar a sala e assim não somos incomodados e como a comida é muito boa ainda melhor.

- São mesmo jogadores de futebol, só pensam em comida. Pensar em marcar golos e jogar direito já não é com vocês. Vou sugerir á liga que ponha a bola em forma de pão de hambúrguer, pode ser que assim marquem mais golos.

Rimo-nos perdidamente os dois com esta minha afirmação. O Javi começou-me a fazer cócegas. Neste momento já estamos fora do carro. Estávamos no jardim do restaurante visto que ainda ninguém tinha chegado. Com tantas cócegas e tanto riso acabamos por cair na relva, ficando ele por baixo e eu por cima. Paramos de rir, mas nossas caras estavam a milímetros de distância.

- Tamos interrompendo alguma coisa? – Sai rapidamente de cima do Javi. Estavam ali os quatro, o David e a sua “miss”, o Rúben e a Inês.

- Não. Estávamos só a falar e escorregamos na relva. – Disse eu de uma maneira mesmo muito atrapalhada.

- Sim foi isso. – Completou o Javi.

Já estávamos ambos de pé. Todos se riram menos eu, o Javi e o David. O Rúben e a Inês entraram no restaurante, a miss entrou a seguir, eu ia a entrar com o Javi quando me agarram no braço.

- Posso falar com você um minuto? – Ele não estava a fazer aquilo.

- Claro. Javi, eu já vou. Guarda-me lugar sff.

- Claro Bia, vou-te guardar mesmo ao meu lado. – Ambos sorrimos.

- Pronto, já podemos falar. O que queres? – Disse eu de maneira fria virando-me para o David, sem nunca o encarar nos olhos.

- Passa-se alguma coisa entre você e o Javi?

- Não tens nada haver com isso. E se foi esse o motivo desta conversa, é melhor ires para dentro, a miss pode desesperar.

- Miss?

- Sim, a tua namoradinha.

- Cê tá com ciúmes?

- Ciúmes? Oh meu filho eu posso ter tudo menos ciúmes.

- Foi você que escolheu assim naquele dia.

- Escolhi e não volto com a minha palavra a trás. A minha decisão está tomada.

O David nada disse apenas entrou no restaurante. Esperei uns minutos e fiz o mesmo.

16º Capitulo - "O que é que você me chamou?"

Dirigi-me á mesa onde eles se encontravam. Boa. O único lugar que faltava era o meu e era mesmo em frente ao David e entre O Javi e a Inês.

Quando lá cheguei, sentei-me e o Javi perguntou-me:

- Está tudo bem?

- Sim não te preocupes.

- Sabes uma coisa, és de facto uma rapariga muito bonita.

- Oh, não digas isso que fico envergonhada.

- Mas é a verdade.

- Não, não é. – Disse-lhe eu batendo-lhe levemente no braço.

- É sim. Queres ver como és? – Ele nem me deu tempo de responder, virou-se para o Rúben e perguntou. – Rúben, a Bia é ou não é linda?

- Sim, é muito bonita.

- E tu David, não achas a Bia linda? – Pronto, agora é que o caldo está entornado.

- Eu não tenho de achar nada.

- Oh tá bem David mas sabes olhar para uma rapariga e dizer se ela é bonita ou não.

- Para mim a pessoa mais bonita é a minha namorada. – Eu não consegui evitar e sorri. O que fez o David continuar. – Tá rindo de quê?

- Nada nada, coisas minhas.

- Deves-te achar melhor que eu não? – Pronto, agora meteu-se a miss, é que não me faltava mesmo mais nada.

- Oh minha filha eu não me acho melhor que ninguém nem inferior a ninguém logo nós estamos no mesmo nível queridinha.

- Isso querias tu. Eu não sou da tua laia ouvis-te bem?

- Olha mas o que é que tu me estas a chamar?

- Exactamente o que tu percebes-te querida.

- Já chega. E isto é para as duas. – O David tinha-se metido. Mas ainda não tinha acabado. – E agora Bia, veja se deixa de mandar boquinhas que aqui a minha namorada estava muito bem até você começar a falar.

- Olha lá oh jogador de meia tigela, mas o que é que tu queres? Acho que a conversa ainda não chegou á parte dos ignorantes. – Sim, eu tinha sido bruta mas eu estava-me mesmo a passar.

- O que é que você me chamou?

- Ouvis-te mal? Queres que repita? Jo-ga-dor de meia ti-ge-la.

- Pronto acabou. Fogo, já estou farto de vos ouvir mén. Vamos acabar de jantar para depois irmos sair e não quero ouvir mais discussões. – Desta vez foi o Rúben que falou.

O resto do jantar correu minimamente normal. Sempre que eu e o David nos olhávamos era que se nos matássemos um ao outro apenas com o olhar.

Depois cada “casal” foi num carro e seguimos para o bar.

Quando chegamos o bar não estava muito cheio mas também nós estávamos na parte VIP.

- Queres dançar comigo?

- Sim.

Eu e o Javi estávamos a dançar e de repente parece que é para torcar de pares. Eu fico a dançar com o Rúben. A música acaba e começa uma romântica. O Rúben dança com a miss e o Javi com a Inês, visto que era para rodar todos os pares. Eu e o David ficamos sem saber o que fazer. No fim lá nos juntamos para dançar. Estávamos muito juntos, agarradinhos, pois a música assim o pedia.

- Não gostei da sua atitude no restaurante. – Segredou-me o David.

- Eu também não gostei nem da tua nem a da miss.

- Cê tá com ciúmes.

- Não estou anda.

- Está sim.

- David, que razoes é que eu tinha para ter ciúmes?

- Não sei me diga você.

- Mas não há razões.

- Cê pode vir comigo lá em cima ao terraço do bar um pouquinho? – Eu não sabia o que responder, o meu coração dizia para responder que sim mas a minha cabeça ordenava que não. O que iria eu lhe responder?

17º Capitulo - Não fala não, apenas viva"

- Sim. Pela primeira vez na minha vida depois do que aconteceu com o Tiago decidi seguir o coração.

Sem que ninguém desse conta eu e o David dirigimo-nos para o telhado.

- Diz. – Eu falei de forma bruta, pois se assim não fosse não sabia quanto tempo conseguia lhe resistir.

- Cê me disse que não queria nada comigo por causa da Inês certo?

- Sim.

- Mas agora a Inês está afim do Rúben.

- Sim, e?

- E agora você não tem nenhuma desculpa para me dar o fora.

- Tenho.

- E qual é?

- Tu namoras.

- Eu comecei a andar com a Sofia para esquecer você.

- Mas eu vi tu a chamar-lhe de amor e essas cenas.

- Sim, para meter ciúme em você.

- David, isso é muito mau. Não se faz.

- O que é muito mau é eu estar sempre pensando em você e cê não querer nada comigo.
Consegue imaginar como eu fiquei aquele tempo sem a ver e como fiquei hoje quando a vi?

- David…

- Não, me deixa terminar tudo de uma vez. Eu nao posso dizer que amo você, porque é mentira. Não amo porque cê não me a deixa conhecer melhor. Mas posso dizer e afirmar que você mexeu comigo, ainda mexe garota. – Ele ia-se aproximando cada vez mais de mim. – Cê não imagina como é difícil para mim estar aqui sem puder tocar você, beijar você, dizer o quanto cê tá bonita, tudo isso.

- David …

- Não fala não, apenas viva.

O David aproximou-se ainda mais de mim, fez uma festa na minha cara e deu-me um pequeno beijo. Não consegui resistir mas também não retribui o beijo. Ele vendo que eu não correspondi, afastou-se. Pus o meu lado racional de lado e deixei-me levar.

Agarrei-lhe o braço fazendo-o virar-se para mim e lancei-me no seus braços como se não houvesse amanha. Beijei-o, foi um beijo que trazia um pouco de tudo, paixão, desejo, certeza, dúvida, mas acima de tudo era um beijo carregado de saudades, saudades do tempoq eu não nos vimos mas também saudades da boca um do outro, que em plena praia se conheceram pela primeira vez. Nessa altura, tínhamos apenas o mar como testemunha, agora, tínhamos apenas uma grande lua cheia, cuja sua luz incidia com grande intensidade nas nossas caras, fazendo-as brilhar, aliás, todo o nosso corpo brilhava, mas era uma luz diferente, era a luz do sentimento que nutríamos um pelo outro.

Foi o David que quebrou o beijo. Agarrou-me nas minhas mãos e olhou-me nos olhos.

- O que quer isto dizer?

- Quer dizer que tens exactamente dois minutos para acabar tudo com a Sofia.

- Não saia daqui.

Eu nem consegui responder, o David saiu logo do telhado. Será que ele ia fazer o que eu achava que ele ia fazer?

Passados cerca de dois minutos ele voltou.

- O que foste fazer?

- Acabar tudo com a Sofia.

- O quê?

- Sim.

- O que lhe disses-te?

- Disse que era melhor a gente acabar que eu já não conseguia esconder o que sentia por uma rapariga muito muito especial.

- E ela?

- Ela…

- Ela o quê David?

- Ela disse que eu me ia arrepender mas eu não liguei e vim de novo ter com você.

- David…

- Bia, não pense. Viva.

- Nós temos de falar. Tu não me és indiferente, aliás és muito importante para mim, mas eu não quero assumir nada por agora.

- Cê tá brincando comigo não está?

- Não David, nós precisamos de nos conhecer e depois se der em mais alguma coisa que amizade muito bem se não der ficamos amigos.

- E porque você me mandou acabar com a Sofia?

- Olha primeiro eu estava a brincar quando disse isso mas tu foste logo e nem me deixas-te explicar e segundo porque ela era uma interesseira do caraças e só estava contigo pelo teu dinheiro.

- Como cê pode saber isso se só a conheceu hoje?

- Eu sei ver quem é miss á distância.

- Cê só pode tar brincando comigo. Olhe eu tenho de ir fique bem.

E saiu. Deixou-me ali sozinha. Porque razão ele tinha tido esta atitude? Eu só disse a verdade. Secalhar nunca o devia ter beijado. Aí, o que é que eu faço agora?

18º Capitulo - "Espero que o que sentes por mim seja o mesmo que sinto por ti."

Esperei um bocado e saí atrás dele.

Quando cheguei cá em baixo estava só a Inês. Mal me viu veio logo na minha direcção.

- Bia o que é que se passou?

- Olha nem eu sei. O David?

- Está lá fora com o Rúben e com o Javi.

- Ele estava bem?

- Achas? Eu não sei o que se passou com vocês, só sei que ele veio cá abaixo acabou tudo com a outra e depois foi outra vez lá para cima e quando veio vinha com uma cara mesmo de desiludido. O que aconteceu Bia?

- Inês, eu e o David beijamo-nos e depois ele perguntou como ficávamos e eu disse para ele acabar com a Miss, mas eu estava a brincar mas ele não me deixou explicar.

Depois ele chegou lá em cima e disse-me que tinha acabado com ela e eu disse que nós íamos ser só amigos e mais tarde quem sabe, algo mais, mas para já só amizade.

- Tu estás parva Bia? – Olhei-a com uma cara séria, mas mesmo assim ela continuou. – Bia, ouve-me. Eu estive a falar com o Rúben e já sei que tu só deste uma tampa ao David por minha causa, mas meu amor, - dito isto pega nas minhas mãos e olha-me nos olhos. – eu estou muito bem com o Rúben. O que tu fizes-te foi a maior prova de amizade que pode existir e nunca te vou puder retribuir mas está na altura de tu seres feliz. Tu não amas o David, eu sei que não, mas tu estas a começar a gostar dele. Eu conheço-te tão bem meu amor, não fugas do teu coração. Por mim, por ele mas por ti faz o que ele mandar.

Realmente a Inês conhecia-me melhor que ninguém. Ela sabia que se me abrisse os olhos desta maneira eu iria seguir o meu coração. Se eu quero estar com ele e posso estar com ele, porque não estou? Vou seguir o meu coração, se ele me magoar magoou, mas ou menos arrisquei.

- Obrigada. – Foi a única coisa que lhe consegui dizer, saindo em seguida do restaurante.

Cá fora o David estava sentado num banco com a cabeça apoiada nos braços e este apoiados nas pernas. Parecia tão triste. O Rúben e o Javi estavam ao lado dele. O Rúben olhou para mim e fiz sinal para ele e o Javi virem ter comigo.

- Mano, nós vamos lá dentro. Ficas bem? – Disse o Rúben para o David.

- Sim manz, já disse que vocês podiam ir. – Respondeu o David sem nunca mexer da posição inicial.

Eles chegaram a minha beira e o Rúben falou:

- Olha eu não te conheço mas não tinhas o direito de fazer aquilo ao David.

- Desculpa. Não foi … por mal. – As lágrimas caiam intensamente sem eu as poder controlar. O Rúben abraçou-me.

- Hey, também não é preciso chorares.

- Rúben, posso vos pedir uma coisa?

- Diz.

- Vão lá para dentro ter com a Inês para ele falar com o David.

- Bia, não lhe faças o mesmo outra vez.

- Prometo que desta vez vai ser diferente Rúben.

Ele apenas sorriu, deu-me um beijo na testa e seguiu para o bar. O Javi apenas me olhou e deu um sorriso.

Dirigi-me até David. Partia-me o coração vê-lo assim e ainda por cima por minha causa.

Pôs-lhe a mão no ombro.

- Manz, cê não disse que ia para dentro? – Atirou ele sem nunca olhar para cima. Eu não respondi apenas lhe passei a mão pela cara. Senti-a molhada, David estava a
chorar. Ao perceber que não era o Rúben ele disse:

- Se é você Sofia pode ir pelo mesmo caminho. Ela pode não querer nada comigo mas isso não implica que o que eu sinta por ela acabe.

- Espero que o que sentes por mim seja o mesmo que sinto por ti. – Ao ouvir a minha voz o David olha para cima. Um largo sorriso apareceu na sua boca.

Ele ia falar mas eu impedi ao saltar para o seu colo e dar-lhe um beijo, um beijo diferente dos que tenhamos dado antes, era um beijo que mostrava o que ambos os corações sentiam, era um beijo cheio de união.

19º Capitulo - "Beatriz Vale, cê quer namorar comigo?"


Foi o David que terminou o beijo. Fiquei preocupada, será que ele tinha mudado de ideias e não queria nada comigo?

Ele sentou-me no banco e pôs-se de pé de costas para mim. Parou. Nada dizia, apenas estava assim quieto e em silêncio.

Levantei-me. Ia-me embora. Ele estava magoado e não queria nada comigo, mas eu sentia-me pior por saber que a culpa era minha, ele queria e eu não quis. Ele tinha todas as razões do mundo para estar assim comigo.

Comecei a caminhar em direcção ao restaurante, as lágrimas já caiam de uma maneira ritmada. Sinto alguém a abraçar-me por trás. Era ele. Aquele perfume, aquele toque, eram coisas só dele, Coisas únicas.

- Onde cê pensa que vai? – Acabou de falar e virou-me para ele.

- Vou embora. Entendo perfeitamente que estejas magoado, aliás eu sou uma estúpida,
não não, estúpida é pouco, sou uma parva, uma idiota, uma burra, uma … - O David
calou-me com um beijo.

- Cê vai calar e me ouvir? – Eu afirmei que sim com a cabeça. – Eu não estou
magoado, agora não, é verdade que quando cê me disse aquilo no telhado fiquei mas
agora percebi que cê só precisava de reflectir um pouco.

- Sim, mas agora eu percebi o que realmente quero, quero-te a ti.

- Cê imagina há quanto tempo eu estou pra ouvir isso?

- Hum, 1 mês?

- Muito engraçadinha a menina.

- Sim, sim isso tudo. Olha mas e se te calasses e me beijasses? Não achas que era melhor? – Sorri.

- Ué, não sei se me apetece não.

- Pronto, não te apetece a ti apetece-me a mim. – Nem dei tempo de ele responder.

Pôs-lhe a mão atrás do pescoço e puxei-o para baixo. Fogo, agora é que eu notava mesmo a nossa diferença de alturas, os meus míseros 1.58m contra os 1.88 dele. Mesmo assim, com alguma força consegui pôr o pescoço dele ao meu nível, não sem antes me pôr em bicos de pés, e beijei-o. Foi um beijo demorado e ao mesmo tempo ritmado, fui aumentando o ritmo do beijo e ao mesmo tempo a profundidade que a minha língua invadia sem pedir a boca dele. Ele voltou a parar o beijo.

- Fogo, tu deves mesmo me detestar beijar. – Disse eu fazendo-me de amuada.

- Não é nada disso meu anjo, mas você me deixa sem fôlego com este beijos. Eu amo beijar e você mas vou amar mais a partir de agora.

- A partir de agora porque?

- Porque vou puder beijar você sempre que eu quiser.

- Aí sim, e porque?

- Ué , a gente não namora?

- Que eu saiba ninguém me pediu em anda e além disso acho que devemos falar sobre esse assunto.

O David pôs-se de joelhos, eu tentei impedi-lo mas ele não deixou.

- Beatriz Vale, cê quer namorar comigo? . – Eu não sabia o que respoder. Eu querer eu queria mas não sei se é o mais correcto. Pensei em dizer ao David para irmos andando mas ele não iria gostar, eu sabia que não. E agora?

20º Capitulo - "Na verdade, era só do Javi."

- David…

- Não enrole, diga apenas sim ou não.

- Mas David não é assim tão simples.

- É a coisa mais simples do mundo. Cê gosta diz que sim cê não gosta diz que não.
Entendeu?

- Sim. Sim.

- Ainda bem.

- Sim.

- Cê só vai dizer sim?

- Sim.

- Você tá zoando com a minha cara?

- Sim. – Ele levantou-se com cara de magoado. Ele era mesmo tontinho.

- Se é assim que cê quer, não posso fazer nada. – E baixou a cara. Pôs-lhe a mão na cara, obrigando-o a olhar-me nos olhos.

- Já te disseram que és mesmo tontinho?

- Hãn?

- Quem devia estar triste era eu.

- Aí era?

- Era.

- E porquê?

- Porque eu estou aqui há não sei quanto tempo a dizer que aceito namorar contigo e tu … - Ele nem me deixou acabar de falar. Colocou os seus braços há volta da minha cintura, elevando-me ligeiramente do chão e beijou-me. O nosso primeiro beijo enquanto namorados. Foi um beijo longo, terminado com pequenos beijos.

- Sabe, eu tou muito feliz.

- Nota-se. – Disse, esboçando um largo sorriso.

- Como assim?

- David, estas com um sorriso muito parvo na cara. – Ele tirou o sorriso, o que me levou a continuar a falar. – Não o tires, o meu sorriso é igual ao teu e não tenho vergonha dele.

- Meu amô eu gostava muitão de tar aqui mas acho que eles já estou fartos de esperar.

- Sim, é melhor irmos para dentro. Mas antes quero pedir-te uma coisa.

(já dentro do bar)

- O que é que se passou? – Perguntou o Rúben.

- Nada.

- Mas vocês estão com uma cara. – Completou a Inês.

- Estás bem? – Perguntou o Javi, abraçando-me.

- Oh babaca desgrunda lá da minha namorada sim? – Disse o David vindo na minha direcção. O Javi já tinha voltado para a beira do Rúben e da Inês. Quando ele chegou a minha beira, beijou-me.

- Namorada??? – Perguntaram os três. Eu e o David desmanchamo-nos a rir.

- Sim, infelizmente parece que o vou ter de aturar.

- Não se queixa não, você vai amar ter de me aturar.

- Bia, minha querida Bia, nem imaginas a pena que sinto por ti neste momento. –

Disse o Rúben a rir-se que nem um perdido.

- Cala a boca.

- Desculpem interromper, mas posso pedir uma coisa? – Nem nos tinha-mos apercebido,
mas encontrava-se ao nosso lado uma rapariga, não devia ter mais que 18 anos. Muito
bonita por sinal. Eu larguei o David, não queria que isto se espalha-se.

- Claro. – Respondeu logo o Rúben.

- Eu queria pedir um autógrafo.

- Então dá cá o papel que a gente assina. – Continuou o Rúben.

- Na verdade, era só do Javi. – Disse ela corando de seguida. Todos nos começamos a
rir, menos a rapariga, o Javi e o Rúben.

- Tá vendo meu irmão, é assim que leva uma grande nega. – O David adorava picá-lo.

- Tá calado cara de cu.

- Desculpem interromper, mas podem ter a vossa discussão de casal em casa? Não estão sozinhos meus amores. – Disse a Inês provocando a risota geral, menos claro está, no Rúben e no David.

- Não te importas de assinar aqui? – Disse a rapariga ao Javi.

- Claro que não. Como te chamas?

- Margarida.

- Bonito nome.

- Obrigada Javi Garcia.

- Trata-me só por Javi pode ser?

- Claro, trata-me só por Margarida.

Desta vez, todos nos rimos.

A rapariga era simpática e ficou á conversa connosco. Não tenho a certeza mas acho que o Javi tinha ficado com o número dela.

Fomos todos para casa. Eu no carro o David e a Inês no do Rúben. O Javi ofereceu-se para levar a Margarida a casa mas ela tinha trazido o seu carro.

O David deixou-me em casa. Despedimo-nos e combina-mos que ele me ligava no dia seguinte. Cheguei ao meu quarto, vesti o pijama e pôs-me a pensar. Será que esta tinha sido a decisão mais correcta? Será que não me ia arrepender? Foi em volta deste pensamentos menos bons que o sono me levou para longe, mas espero que esse longe seja um lugar bom.

21º Capitulo - "Não seja boba, isso se nota até na China. Eu amo você de mais."

Acordei com os raios de sol a baterem-me na cara.

Olhei para o relógio e eram 8h. Já estava super atrasada. Tinha aulas as 8h30min e ainda tinha de me vestir e apanhar o metro.

Sim, porque a minha querida mota estava na oficina. A minha mãe esta semana não estava em casa. Saiu no sábado e só volta no próximo sábado. Foi ao Porto tratar de um processo qualquer.

Levantei-me e tomei um duche rápido, sinceramente acho que foi o mais rápido de toda a minha vida. Estava a sair da casa de banho quando ouço o meu telemóvel a tocar.

Nem me lembrei de ver quem era, atendi logo.

- Sim?

- Que maneira de falar ao seu namorado.

- Desculpa, não vi que eras tu.

- Pois, desculpas.

- A sério David. Olha agora não vai dar para falar porque eu estou mesmo atrasada e
tenho de ir para as aulas.

- Está bem meu amô. Ate logo. Beijo

- Beijo

E ele desligou, achei estranho ele desligar assim tão rápido, mas nem tinha tempo para pensar nisso.

Estávamos em Maio, logo, estava calor, por isso vesti a primeira roupa fresca que em apareceu á frente.


Depois de pronta, desci as escadas a correr. Antes de sair de casa olhei para o Relógio que marcava 8h20min. Até tinha sido bastante rápida mas se não me despacha-se não chegava a tempo. Eu bem podia chegar só as 8h45min, porque a stora de filosofia chegava sempre atrasa. De todas as vezes ela arranja uma desculpa diferente, ou os filhos adormeceram, ou houve um acidente, ou o carro não pegava ou isto ou aquilo. Mas mesmo assim, ainda tinha de apanhar o metro. Conclusão, não tinha tempo de tomar o pequeno-almoço.

Abri a porta e sai disparada, até que choco contra alguém.

- Aí.

- Bom dia meu amô.

- David? O que fazes aqui?

- Vim busca-la.

- Amor, esqueceste-te que eu tinha aulas?

- Claro que não. Mas cê não disse que tava atrasada?

- Disse.

- Então, Cê vem tomar um café da manha rapidinho comigo e depois eu te deixo na escola. Quê que cê acha?

- Acho que não podia ser melhor.

- Ainda bem meu amô. Vamos? – O David virou-se a começou a andar, mas eu não me mexi um centímetro. – Que foi meu amô?

- Ainda perguntas?

- Claro né? Eu acho que não fiz nada.

- Pois, esse é o problema.

- Não tou entendendo não.

- Nunca entendes nada. – Tentei me manter séria mas a vontade de rir na cara dele era muita. Ele estava com uma cara mesmo de assustado e preocupado.

- Oh meu anjo, estou a ficar preocupado. Me fala vai, o que foi que eu fiz?

- Pergunta antes o que não fizes-te.

- Pronto, o que é que eu não fiz?

- Não me deste um beijo de bom dia. Olha isso era razão para eu te deixar de falar durante…- não pude terminar. Apenas com duas passadas ele colocou nulo o espaço que havia entre nós. E deu-me um Beijo, sim beijo com B grande. Era um beijo que em fazia lembrar a razão de ter aceite namorar com ele e esquecer todos os contras. Num simples beijo tudo se resumia.

- Agora, cê já não tá chateada comigo?

- Nunca tive totó, era só para pegar contigo.

- Tótó mas cê gosta.

- Convencido, e não, não gosto.

- Como é?

- Eu amo.

- Oh meu amô é tão bom ouvir isso sabe?

- Não, não sei.

- Como assim?

- Tu nunca me disseste. – Ele encostou a sua boca á minha orelha, deu-me um beijo suave e disse:

- Eu apenas sorri, naquele momento eram incapazes de me saírem palavras.

Demos a mão e fomos até ao carro de David.

Toma-mos o pequeno-almoço num pequeno café que o David conhecia, ele dizia que era lá que ia com o Rúben quando não queriam ser incomodados.

Ele levou-me há escola, mas deixou-me um bocado atrás do portão. Não queria que se soubesse, ainda por cima ainda nem tinha falado com a minha mãe.

Combinamos que iríamos almoçar juntos, porque eu não tinha aulas de tarde e ele só tinha treino ás 5h, assim também podia ir assistir.

Ele ficou de me vir buscar á 1h30min, no mesmo sítio em que me deixara.

As aulas correram bem, a Inês vem que tentava sacar alguma coisa mas eu não lhe dizia nada. Ela sabia que eu e ela namorávamos e isso bastava, apesar de ela ser a
minha melhor amiga e a pessoa em quem mais confio, não gosto de contar a minha vida particular. Ela conhecia-me e não insistiu mais.

Eu e a Inês estávamo-nos a dirigir para o portão, quando ele aparece. O que ele estava a fazer no portão da minha escola?

22º Capitulo - "A culpa era toda minha, ou melhor, do meu coração."

(Visão do Javi)

Hoje acordei com um sorriso na cara, sonhei com ela. Só a tinha conhecido ontem mas sonhei com ela. Parecia mentira. Decidi mandar-lhe uma mensagem. Sabia que ela podia achar cedo, afinal conhecemo-nos ontem mas mesmo assim arrisquei.

“De: Javi
Para : Margarida

Olá. Queria te perguntar se queres ir tomar o pequeno-almoço comigo.
Fico á espera da resposta.
Javi”

Agora já estava. Enquanto ela não respondia fui tomar banho. Cheguei ao quarto e, ainda só com uma toalha, fui ao telemóvel. Ela tinha respondido.

“De: Margarida
Para: Javi

Olá. Sim, por mim tudo bem. “

“De: Javi
Para: Margarida

Queres que te vá buscar?”

“De: Margarida
Para: Javi

Se não te importares, agradecia. A minha irmã levou o carro e assim eu tinha de ir de metro.”

Era estúpido continuarmos com as mensagens. Decidi ligar-lhe assim era mais simples.
Ela atendeu ao segundo toque.

- Ola

- Oi

- Olha dás-me a morada para te ir buscar?

- Sim, olha é xxxxxxxxxxxxx.

- Já anotei. 10 minutos estou aí ok?

- Claro. Mas vamos tomar o pequeno almoço onde?

- Não sei, depois logo se vê.

-Tudo bem.

-Beijinho

- Beijo

Tinha de me despachar. Vesti já o fato de treino do Benfica, porque tinha treino ás 10h e já não vinha a casa.

Sai em direcção á casa da Margarida.

-----------------

(Visão da Bia)

Queria voltar para trás, mas já era tarde. Não sabia onde iria arranjar forças para o enfrentar. Não que ainda sentisse algo por ele, claro que não, mas não tinha esquecido tudo o que ele me fez, e acho que nunca vou esquecer.

A Inês apercebeu-se da Situação e deu-me a mão, apertando-a com força.

Continuamos o nosso caminho. Podia ser que estivesse ali só por estar e não fosse para falar connosco.

- Hey, Bia podemos falar? – Ok, ele estava ali para falar comigo.

- O que queres Tiago? – Disse de forma seca, sem nunca largar a mão da Inês.

- Falar contigo.

- Nós não temos nada, ouve bem, nada para falar.

- Bia, aquilo foi tudo um grande mal entendido. Eu amo-te como sempre te amei.

- Tu ao menos sabes o significado do verbo amar?

- Sei, aprendi ao mesmo tempo que tu o significado dele. – Cada vez ele se aproximava mais. Já só se encontravam cerca de 5 alunos no portão, e deviam ser do 5º ou 6º ano.

- Não Tiago. Mete na tua cabeça de uma vez por todas que acabou.

- Uma história como a nossa não pode acabar assim.

- Pois, temos pena, já acabou.

- Não, eu vou-te provar que não. – Nesse momento ele quase que anula por completo o espaço entre nós. Largo a mão da Inês para o tentar empurrar para trás, mas em vão.

Ele tinha muita mais força e sem fazer muito esforço, agarrou-me nos pulsos, baixou-mos com uma das mãos, pôs a outra atrás da minha cabeça e beijou-me. Eu não o queria beijar, mas também não conseguia parar o beijo. Foi ele que o parou passados alguns segundos.

Olhei para ele que sorria ainda muito próximo de mim, olhei para a Inês que estava mais branca que a cal. Ela olhou também para mim e dirigiu o seu olhar para o outro lado da rua. Eu segui-o.

Não, não podia estar a acontecer. O David estava dentro do carro com o vidro para baixo e olhava para mim com uma cara de desapontado. Ele estava á minha espera para irmos almoçar e assistiu a tudo. Não podia ser. Queria ir ter com ele e explicar-lhe tudo. Mas, pensando bem, ia explicar o quê? Se nem eu sabia o que se tinha passado não lhe podia explicar nada. Só queria lhe dizer que eu amava, sim, eu amava-o, ou pelo menos achava que sim. Será que ainda sinto algo pelo Tiago? Não, não pode ser.

Eu amo o David. Será possível gostar de duas pessoas ao mesmo tempo?

Os meus pensamentos são interrompidos pelo ligar do carro de David. Olho novamente na sua direcção, continua com a mesma cara de desapontado. Fecha o vidro e sai dali a alta velocidade. Por mais que eu quisesse correr atrás dele não consegui. Senti as minhas pernas a perderem a força, os meus olhos a querem fechar. A última imagem que me veio á cabeça, foi a do David a olhar para mim com aquela cara de desilusão, e o pior, era que a culpa era toda minha, ou melhor, do meu coração.

23º Capitulo - "O David não podia ter morrido…"

(Visão do Javi)

Cheguei ao Sitio combinado e ela lá estava. Estava muito bonita como na noite anterior.


Viu o meu carro, dirigiu-se a ele e entrou.

- Olá.

- Olá. Estás muito bonita.

- Obrigada

Seguimos viagem. Fomos tomar o pequeno-almoço a um café recatado.

Correu muito bem, fartamo-nos de ir e falar.

- Logo á noite jantas comigo? – Perguntei. Não sabia o que ela ia responder, mas resolvi arriscar.

- Por mim pode ser. E vamos onde?

- Pode ser em minha casa.

- Eu sabia. Eu sabia que eras igual ás outros e só querias uma coisa. Fiquei desiludida, pois eu para além de jogador também te admirava imenso como pessoa. Mas eu não vou ser um caso, não sou assim. Olha isto foi um tremendo erro. É melhor continuar tu o jogador e eu a fã. Apesar disto, gostei de te conhecer. Fica bem.

Quando acabou de falar ela saiu do carro. Não era aquilo que queria, apenas pensei em minha casa para ser mais sossegado. Não consegui reagir e deixei-a ir embora.

-------------

(Visão da Bia)

Estava á mais de duas horas a tentar ligar ao David e ele continuava com o telemóvel desligado. Eu queria falar com ele. A Inês veio comigo para minha casa, depois de eu ter dado dois estalos ao Tiago e lhe ter dito para nunca mais repetir a gracinha.

Estava a ficar mesmo preocupada com o David, ele saiu de lá com muita força.

Como eram quase 17h e ele tinha treino resolvi ir até á Caixa para ver se o via.

Chamei um táxi e eu e a Inês fomos para lá.

Chegamos pouco passava das 17h30min e nada de David a treinar. Achei muito estranho e aquele aperto do peito era cada vez maior.

O Rúben também não estava lá.

- Inês, deixa-me ligar ao Rúben sff.

Ele deu-me o telemóvel dela e eu liguei ao Rúben. Ele atendeu ao primeiro toque.

- Estou Inês? – Estava com uma voz de preocupação.

- Não, é a Bia. Sabes do David?

- Pois…

- Pois o que Rúben?

- Promete-me que vais ter calma.

- Ruben fala.

- O David teve um acidente de carro e está no hospital.

- Em que hospital?

- No hospital da Luz.

- Eu vou já para aí.

- Ok, eu espero aqui por ti.

- Rúben?

- Sim.

- Ele está muito mal?

- Sinceramente não sei, ele entrou inconsciente com os médicos e ainda ninguém em
disse mais nada. Mas o acidente foi grave … muito grave. – Desliguei. Não conseguia ouvir mais nada. O David não podia… não…isto era um pesadelo.

Um mar de lágrimas rapidamente inundou os meus olhos. Não conseguia nem queria controla-las.

Voei até ao hospital da luz. Quando entro na porta, a primeira coisa que vejo é o Rúben sentado numa cadeira a chorar. Tinham-lhe dito alguma coisa, quando falei com ele á bocado não chorava. Não podia ser … O David …

24º Capitulo - "E assim estava o meu David, numa cama de hospital. "

- Rúben, o que é que se passa? – As lágrimas já há muito que deixaram de estar só nos meus olhos. Estavam também em toda a cara assim como na minha roupa. O Rúben não falava apenas continuava naquela posição. – Rúben, fala comigo.

- Bia…

- Fala.

- O David… ele…

- Ele o quê Rúben?

- Ele ainda está inconsciente. Está assim 3horas e os médicos disseram que se …

- Aí, fala de uma vez.

- Que se ele não acordasse em breve teriam de desligar a máquina que o faz viver. –

Quando o Rúben disse aquilo eu perdi as forças e cai no chão. Não desmaiei, apenas as minhas pernas perderam as forças. Fiquei sentada, numa posição estranha mas sentada.

Não queria acreditar no que acabara de ouvir, não, o David, o meu David, por minha culpa. Eu amo-o, eu sei que sim.

Costuma-se dizer que é nas horas más que a gente vê quem realmente é importante para nós, pois, neste momento todas as minhas dúvidas desapareceram, todas as inseguranças, medos e incerteza acabaram. Eu amo o David e ninguém, nem mesmo eu, pode duvidar disso.

O Tiago é passado, aliás, desde que conheci o David que ele sempre foi passado, mas eu, fui fraca, fui incapaz de clarificar as ideias na minha cabeça.

Agora tudo estava no seu devido lugar mas seria tarde demais? A minha mãe sempre dizia que nunca era tarde, mas neste caso eu não tinha tanta certeza disso.

Os meus pensamentos são interrompidos pela entrada do médico na sala.

- Familiares de David Marinho. – Eu, o Rúben e a Inês posemo-nos logo de pé.

- Somos nós. – Respondemos os três.

- O David continua no mesmo estado, se dentro de 10 minutos não acordar, a máquina será desligado.

- Mas doutor, porque não lhe dá mais tempo? – Perguntou a Inês, que dos três devia ser a menos nervosa.

- Porque nos casos como o do David, se o paciente não acordar nas 3horas seguintes não acorda mais.

- Quando podemos ir vê-lo? – Desta vez, foi o Rúben que perguntou.

- Era isso mesmo que lhes vinha dizer. Têm 10 minutos mais ou menos para as despedidas.

- Obrigada. – Respondeu a Inês.

- Os meus sentimentos. Era um grande jogador. – ERA? Ele ainda não tinha morrido, não podia, não.

O médico saiu e nós continuamos os três calados.

- Bia, podes ir.

- Não Rúben, vai tu primeiro.

- Tens a certeza?

- Sim. Olha avisas-te a mãe dele?

- Não, a família dele está no Brasil e como pensei que não fosse grave não liguei. É melhor só ligar depois, eles também não chegarão a tempo de…

- Rúben, chega, Vai lá e pronto. – Não conseguia ouvir aquela palavra. Eu não me podia despedir dele, não.

O Rúben foi e a Inês veio para a minha beira e abraçou-me. Não falamos. Ela conhecia-me e sabia que naquele momento só precisava de um abraço.

Pouco tempo depois o Rúben chegou. Eu levantei-me logo.

- Como é que ele está?

- Está o David, com aquela cara calma mas com muitos arranhões e pensos por todo o
lado.

- Está muito mau?

- Nem sei Bia. Só de pensar que me despedi do meu melhor amigo para sempre.

- Não digas isso Rúben, ele ainda não morreu.

- Pois não, mas não falta muito. Vai lá tu agora.

- Inês tu vais lá?

- Não é que não queira, mas tu sabes que depois daquilo do teu pai eu não consigo.

Desculpem-me os dois.

- Não tens nada que pedir desculpa, a gente entende.

- Sim meu amor, nós entendemos. Assim sendo, eu vou lá.

O caminho até ao quarto em que ele se encontrava foi muito doloroso. Não chorava, as minhas lágrimas tinham-se esgotado e as fontes secado.

Entrei no quarto. A sua cara de anjo e de menino grande estava cheia de arranhões e feridas, os olhos fechados para talvez nunca mais serem abertos, os caracóis desalinhados, como eu tanto o gostava de ver. E assim estava o meu David, numa cama de hospital.

Aproximei-me dele e delicadamente lhe dei um leve beijo. Sentei-me numa cadeira ao lado da cama e dei-lhe a mão.

Não sabia se ele me ia ouvir mas mesmo assim, haviam coisas que ele tinha de saber.

25º Capitulo - "Obrigada, desculpa, amo-te." ( Parte I )

Olhei directamente para os seus olhos, apesar de estarem fechados dava-me mais segurança.

- David, costuma-se dizer que é nas horas más que a gente vê quem realmente é importante para nós, pois, neste momento todas as minhas dúvidas desapareceram, todas as inseguranças, medos e incertezas acabaram. Sei que pode ser tarde de mais mas há coisa que precisas de saber. – As lágrimas dominavam já os meus olhos sem pedirem licença para tal. – Quando vi que foste tu que quase me atropelas-te eu só queria gritar, pular, tudo que possas imaginar. Acho que nunca te cheguei a dizer, mas eu desmaiei não só por estar fraca mas também por perceber que estava diante o grandioso David Luiz. Depois veio a história da Inês. Depois deixamos de falar, até que chegou o dia do teu aniversário. Cantar aquela canção e saber que estavas lá. Depois tu falas-te e eu percebi que também tinha mexido contigo. Depois apareceu o Tiago e eu rejeitei-te. Aí foi tanta coisa ao mesmo tempo. Eu estava muito confusa. 1 mês, foi esse o tempo que estivemos sem falar. Posso dizer que foi o segundo mês que mais me custou a passar, o primeiro foi o mês a seguir á morte do meu pai. O jogo, o jantar, a miss, sinceramente David, podias ter arranjado uma namorada melhor. Eu sei que fui muito estúpida contigo no telhado do bar. Mas estava muito confusa. Eu gostava de ti, não sei até que ponto mas gostava. Mas eram tantas coisas contra, a idade, o estatuto social, a beleza, as fãs e eu não ter a certeza do que sentia. E depois pensava, será que ele um dia não se irá arrepender? É que admitamos que eu não sou nenhum top model, muito pelo contrário. Eu tinha medo de arriscar e sair outra vez magoada como sai com o Tiago. Tu não tens noção de como eu o amei e entreguei-me por completo, com o Tiago atirei-me de cabeça e sai magoada, não queria que isso acontecesse de novo. Mas também não te queria perder, mesmo estando um tanto ou quanto confusa decidi arriscar. Hoje, quando o Tiago em beijou, sou-te sincera no inicio queria parar o beijo, mas as forças falharam-me e fui fraca. Então, pensei que talvez ainda o amasse, ou seja, gostasse dos dois ao mesmo tempo. Mas quando soube do acidente, David, eu tive a minha certeza. Eu amo-te com todas as minhas forças. O Tiago pertence ao meu passado e é lá que vai continuar. Pode ser tarde mas eu tinha de te dizer isto tudo. Por-favor David, não me deixes. Eu preciso de ti, a minha vida já não é a mesma. Tu mudaste-me, mas mais importante, ensinaste-me a voltar a amar. Estejas onde estiveres, nunca te esqueças que eu te amo e serás para sempre o amor da minha vida, mesmo que morras eu nunca mais voltarei a amar ninguém como te amo a ti. Obrigada, desculpa, amo-te.

Acabei de falar, levantei-me. Dei-lhe um beijo, o nosso último beijo. Foi leve mas sentido. Foi um beijo de despedida mas também de futuro. Foi o primeiro e o último beijo que ia dar ao David, tendo a certeza absoluta que o amava.

Fiz-lhe um festa na cara, larguei-lhe a mão e uma última lágrima minha caiu mesmo em cima do sítio onde se encontra o seu coração.

Sai do quarto em direcção a um futuro inexistente, pois sem o David a meu lado não queria ter futuro, não queria viver. Só queria ir para onde ele estivesse e poder ama-lo e me deixar ser amada.

25º Capitulo - "Obrigada, desculpa, amo-te" ( Parte II )

Cheguei ao pé do Rúben e da Inês. Eles continuavam agarrados e sentados.

- Bia, como estás?

- Bem. Disse tudo que tinha a dizer. Apesar do tudo ser nada neste momento.

- Tem calma meu amor.

- Familiares de David Marinho.

- Somos nós.

- Acompanhem-me por-favor.

Seguimos atrás do médico. Eu tinha o coração nas mãos. Apesar de já estar minimamente preparada para o que se estava a passar, ter agora a certeza de tudo era mau de mais.

Entramos no quarto do David. Ele continuava igual mas sem a máquina que o permitia viver ao lado dele. Tinha chegado o seu fim.

Agarrei-me a ele a chorar, não podia ser, não.

- Menina, está bem?

- Doutor, acha que ela está bem? O namorado acaba de morrer e acha que ela pode estar bem? – Foi a Inês que respondeu por mim.

- Mas … - Tentou dizer o doutor mas o desta vez foi o Rúben que falou.

- Mas nada, nem sei como consegue estar tão calmo, vê-se mesmo que não é nada consigo.

Eu continuava a chorar agarrada ao David.

- Eu estou calmo porque … - Voltarem-no a interromper mas desta vez a pessoa que eu menos estava há espera.

- Porque eu não morri. – O David, ele não morreu. Ele falou. Nesse momento levanto a minha cara e olho-o nos olhos. Ele sorria.

- Mas como … o … doutor disse …. – Tentei eu falar mas sem sucesso.

- Eu sei o que disse e nem sei o que aconteceu . Foi um milagre.

- Um milagre chamado amor. – Completou o David.
26º Capitulo – “ Realmente, este dia não podia estar a correr pior…”
(Visão do Javi)
Conduzi até casa. Entrei e atirei-me para o sofá. Não podia ser. O que eu fui fazer? De bem que só a “conheço” há menos de um dia. Pronto, se era isso que ela achava, apesar de ser mentira, eu não podia fazer nada. Decidi ligar ao Rúben para saber se ele queria fazer algo antes do treino. Ele disse-me que ia ter com o David a casa dele. Fiquei de ir lá ter também. De casa do David seguimos para o treino e no fim combinamos que eu lhes ligaria no fim do almoço para fazermos algo antes do treino da tarde.
Fui almoçar a casa, não sabia cozinhar muito bem, mas tinha lá daquelas comidas prontas que era só meter no microondas. Era bom, fácil e rápido. Acabei por almoçar lasanha. No fim, fui descansar um bocado para o sofá.
Ela não me saia da cabeça, como é que era possível? Não podia. A Elena fazia decididamente parte do meu passado mas aquela rapariga, a Margarida. Tinha de parar de pensar, era só uma simples fã que conheci numa noite e que no dia seguinte fui tomar o pequeno-almoço com ela, nada mais. Tinha de me mentalizar disso.
Levantei-me, peguei no telemóvel e liguei ao David. Estranhei, tinha o telemóvel desligado. Liguei ao Rúben. Atendeu ao segundo toque.
- Rúben, era para saber como é.
- Olha Javi, agora não dá mesmo. – Notei preocupação na sua voz.
- Que se passa?
- O David tem o telemóvel desligado e não está em casa.
- Vais ver que ficou sem bateria e foi a algum lado.
- Deve ser isso.
- Mas deixa lá. Vemo-nos no treino então?
- Sim.
- Até logo.
- Até logo.
Decidi ir mais cedo para não pensar no que não devia.
O treino correu bem. O Rúben e o David não apareceram. Estranhei e no fim liguei ao Rúben. Não podia acreditar. O David estava no hospital e muito mal pelo que o Rúben disse. Ele disse para não alarmar o pessoal mas foi tarde demais. Tinha o telemóvel em alta voz.
Acabamos todos de nos vestir e seguimos em peso para o hospital.
Realmente, este dia não podia estar a correr pior, será que iria acabar da mesma maneira?
27º Capitulo – “Eu esqueço que vocês são jogadores do meu glorioso e parto-vos os dentinhos todos”
Não lhe consegui responder, apenas o beijei. Um beijo de desespero. Pensar que o podia ter perdido e por minha causa, estava-me a matar.
- Desculpa, desculpa …- Não consegui acabar, desta vez foi ele que me beijou.
- Então David como é que estás? – Perguntou o Javi entrando com todo o plantel atrás dele. Rapidamente me separo do David.
- Olha, está melhor que nós. – Diz o Fábio que leva uma chapada na cabeça do Rúben.
- Ai.
- Para a próxima estás calado.
O quarto até era grande mas com tantos matulões lá dentro ficava pequeno. A Inês apercebe-se da minha preocupação e vem para a minha beira. O Rúben segue-a. Ficando assim eu, o Rúben e a Inês do lado da janela e o resto do lado da porta, com a cama do David ao meio.
- Mas diz, que se passou? – Perguntou o Javi.
- Um pequeno acidente?
- Pequeno? O Rúben disse que estavas mesmo mal.
- E estava, mas recuperei rápido graças a uma certa coisa. – E vira-se para mim sorrindo. Não me consegui conter e sorri com ele.
- Oi David, a gente não se quer meter, mas cê não tem nada pra nos contar não? – Falou o Luisão. David olha para mim e eu sorriu a dar-lhe permissão.
- Esta é a Inês, uma amiga minha, este é um cara de cu qualquer que anda pra ai e esta é a Bia.
- E? – perguntaram todos quase em coro.
- Sou namorada dele sim. Mas aviso já que se isto sai deste quarto eu esqueço que vocês são jogadores do meu glorioso e parto-vos os dentinhos todos. Entendido?
Foi a risota geral, até eu me deixei levar e ri.
- Fogo cara, a garota é mesmo mansinha.
- Não zoa Luisão, ela falou muito bem. – O David olha para mim e estende-me a mão. Eu dou-lha e ele puxa-me para ele. Segreda-me ao ouvido.
- Gostei muito do cê fez. – Eu beijei-o.
- Olhem arranjem um quarto sim? – Disse o Roberto.
- Nós já estamos num quarto ó espanhol. – Respondi eu.
- Eu acho melhor vocês não dizerem mais nada. Ela não se fica pessoal – Disse o Rúben. Levou uma chapada da Inês.
- Fogo, o que é que eu disse?
- Nada, mas se estivesses calado fazias um favor á humanidade.
Risota geral de novo.
Nisto entra o médico e a uma rapariga no quarto. Quando abre a porta a rapariga dá um grito.
- Ai. – E desmaia nos braços do Javi
- Peço imensa desculpa. Pode pegar nela e traze-la até uma maca por-favor? – Pediu o médico a Javi.
- Claro que sim.
A maior parte tentou abafar os risos, mas era quase impossível.
O rapaz lá saiu com a rapariga nos braços e com um sorriso nos lábios. Mas porque raio estava ele a sorrir?
28º Capitulo – “Eles são babacas sim mas eu confio neles.”
(Javi)
Quando aquela rapariga caiu nos meus braços eu nem queria acreditar. Era ela. Outra vez ela. Não consegui evitar e deixei escapar um sorriso. Ela estava nos meus braços. Segui o médico e levei-a para um quarto para deita-la numa maca que estava lá.
- Pode deixa-la aí. Eu vou voltar ao quarto para falar com o Senhor David e já mando alguém aqui para a ver.
- Claro doutor. Eu fico aqui até vir alguém, não vá ela se sentir pior.
- Se não se importar, agradecia.
- Claro que não.
O médico não responder e saiu do quarto.
Sentei-me numa cadeira a admira-la. Ela estava linda, mesmo a desmaiada. Também, não era difícil, quando se é linda de natureza como ela fica-se sempre linda. Acordei dos meus pensamentos quando ela acordou.
- Que se passa?
- Desmaias-te.
- Isso eu sei, estou a perguntar o que se passa para estares aqui.
- Não podias ser mais directa realmente.
- Sim, eu sou uma pessoa directa. Fala.
- Desmaias-te nos meus braços e o médico pediu para te trazer para aqui.
- e porque não me deixas-te e foste embora?
- Porque não quis.
- Mas quero eu. Podes sair agora.
- Nem um obrigada me dizes?
- Obrigada. Sai.
- Não.
- Como assim?
- Margarida, eu não saio daqui sem falarmos e ponto final.
--------------------
(Bia)
Depois de o médico sair ficamos á conversa mais um tempo. Mas pouco, visto que ele chegou de novo.
- Senhor David, tenho de falar consigo.
- Pode falar.
- Tem a certeza? Está aqui tanta gente.
- Eles são babacas sim mas eu confio neles. Pode falar. – O David apertou ainda mais a sua mão há minha.
- Muito bem. Senhor David vai ter alta hoje. – Todos ficamos bastante contentes e não nos inibimos de o expressar em alto e bom som.
- Isso é bom né doutor?
- Sim, mas as noticias não acabam por aqui. –
- Chute lá a noticia doutor. – Disse o David com um sorriso nos lábios.
- Bem, a outra noticia que tenho para lhe dar não é nada boa, muito pelo contrário. – Um pesado silêncio invadiu o quarto.
29º Capitulo – “Fogo, és mesmo espanhol meu.”
(Bia)
- Como assim doutor? – Perguntei eu.
- O acidente do senhor David foi muito grave e pode ter deixado lesões internas que não se manifestam agora mas sim com o passar do tempo, assim sendo e para não arriscarmos, decidimos que não pode jogar nem treinar durante um mínimo de dois meses e um máximo de nunca mais puder voltar a jogar. – O meu corpo congelou. Ele ia ficar parado 2 meses por minha causa ou secalhar nunca mais jogar? Se eu tivesse resistido ao beijo ele não tinha tido o acidente e estava bem. A culpa é minha e só minha. Nunca vou ser capaz de me desculpar por tal coisa. O David não merecia nada disto, eu só o faço sofrer. Tinha de falar com a Inês a conversa que tinha tido com a minha mãe na noite anterior. A minha decisão estava tomada.
Ninguém conseguiu dizer nada, alguns por medo, outros por não saberem o que dizer e outros ainda estavam a digerir a situação.
O médico saiu, sinceramente, nem sei se disse mais alguma coisa. Fiquei atónica com esta noticia que deixei de prestar atenção ao que se estava a passar á minha volta.
O ambiente não estava pesado, estava pesadíssimo. As pessoas entreolhavam-se, via os olhos do David a tentarem segurar as lágrimas para não dar parte fraca. Mas eu conhecia-o, sabia o que ele estava a sofrer e devia estar neste momento a odiar-me. O ambiente é quebrado pela entrada do Javi.
- Então pessoal? Que caras são essas? – perguntou o Javi.
- O médico já falou pra gente o que se passa com o David. – Disse o luisao.
- E entao? Por essas caras parece que ele não joga mais.
- E não joga. Não treina nem joga durante no mínimo dois meses e pode mesmo nunca mais jogar. – Concluiu o Nuno. Realmente, ele dava mesmo para capitão. Falava quando mais ninguém tinha coragem de o fazer, e fazia-o de uma maneira não séria mas não brincalhona, uma maneira “á capitão”.
O Javi ficou como as restantes pessoas naquela sala, com o coração nas mãos.
- Bia, posso falar contigo por-favor? – Perguntou o Javi.
- Sim. – Ele tinha-me salvo. Eu queria sair dali para não chorar á frente do David. Antes de sair reparei que os colegas se aproximavam ainda mais da cama tentando confortá-lo.
Fomos para uma pequena sala de espera perto do quarto.
- Diz Javi.
- Sabes aquela rapariga que me desmaiou nos braços á bocado?
- Sim.
- Era a margarida.
- A sério?
- Sim. Ela o inicio tentou dar parte forte mas eu lá a convenci que não a queria comer, mas sim queria a conhecer.
- E entao?
- Entao o que?
- Fogo, és mesmo espanhol meu.
- Que queres dizer com isso?
 - Que os portugueses raciocinam mais rápido. – Num dia normal teria rido, mas na situação em que se encontrava o David não conseguia. – Mas diz lá. Então como ficaram vocês?
- Ah. Combinamos que nos íamos conhecer, sem nenhuma obrigação e isso.
- Acho que fazes bem. Fico feliz por ti.
- Obrigada. Sabia que podia contar contigo. Eu vou voltar ao quarto, quero ver se falo com o David. Vens?
- Não. Preciso de falar com a Inês. Importas-te de lhe dizer para vir cá for por-favor?
- Não, claro que não. Fica bem.
- Tu também.
O Javi lá foi em direcção ao quarto e enquanto a Inês não vinha eu estava a arranjar uma boa maneira de lhe contar. Sabia que ela ia reagir mal, mas também não tinha de lhe explicar tudo direitinho, muito menos referir que o acidente do David influenciou.
- Querias falar comigo? – Nem dei pela chegada dela.
- Sim Inês.
- Fala.
- Prontos. Eu sei que não vais gostar muito da ideia mas peço-te que não me interrompas e me deixes falar tudo até ao fim. – Ela apenas assentiu com a cabeça. – Como sabes a minha mãe está no Porto. Ela vai ser a representante portuguesa da maior firma de advogados de Inglaterra. Mas a sede deles é no Porto, entao a minha mãe muda-se segunda-feira de vez para o Porto. E … e eu vou com ela.
- Tu estás parva? Tu vais viver para o Porto?
- Sim Inês. Eu vou com a minha mãe.
- E eu? E o David? Sim, principalmente ele que neste momento precisa de ti.
- O David já viveu antes sem mim e agora terá de viver da mesma maneira.
- Tu não estás bem só pode.
- Inês a minha decisão está tomada.
- Eu nem discuto. Mas acredita que acabas-te de me espetar uma face no coração.
- Desculpa, mas eu tenho mesmo de fazer isto.
- Quando vais contar ao David?
- Não sei, nem sei se lhe vou contar.
- Olha, faz o que quiseres. Esta não é a Bia que sempre foi a minha melhor amiga. – Nem me deixou acabar de falar, levantou-se e dirigiu-se de novo para o quarto.
Custou-me ver a Inês tratar-me assim, mas eu não podia magoar mais o David. A minha decisão está tomada e não volto com a minha palavra atrás.
30º Capitulo – “
Passaram-se três semanas, ou seja, estamos a 12 de Junho de 2010. Não cheguei a ir com a minha mãe para o Porto, porque como faltavam apenas 2 semanas para acabarem as aulas não se podia pedir transferência. Ela foi e eu fiquei, pelo menos até acabarem as aulas.
A Inês continua magoada comigo, pois apesar de não ter ido continua a ser minha intenção ir. Não contou nada a ninguém como lhe tinha pedido, mas continua a não concordar com a minha decisão.
O David, saiu do hospital passados dois dias. Ele notou que eu andava diferente mas eu disse-lhe que não era nada. Partiu á uma semana para o Brasil, quando voltar eu já estarei no Porto mas ele ainda não sabe.
A relação do Javi com a Margarida vai muito bem, mas ainda não namoram, parecem a Inês e o Rúben, notasse que gostam um do outro mas são os dois tão casmurros que não dão o braço a torcer. O Javi com o passar do tempo tornou-se o meu melhor amigo, ele sabia de tudo, como a Inês, mas eu sabia que podia confiar nele e que ele não ia dizer nada ao David, assim como a Inês não diria nada ao Rúben.
Hoje é o meu último dia em Lisboa. O Comboio sai da estação de Santa Apolónia às 14h30min, ou seja, tenho 2 horas para acabar de me vestir e ir á estação. Não disse a Inês que ia hoje, pois sei que ela me ia levar e depois ia me dar na cabeça e iam haver despedidas… não , isso não é de todo para mim.
Tomei um duche rápido e vesti-me. Uma coisa bastante simples.
Tinha tudo pronto. Não podia deixar ficar nada, porque uma imobiliária ia ficar com a casa e acho que até já tinham comprador.
Peguei nas malas, coloquei-as fora de casa, olhei uma última vez para dentro dela. Ali passei por muito. Fui feliz com o meu pai e a minha mãe, sofri com a morte do meu pai e fui feliz só com a minha mãe. São tudo memória, recordações, lembranças que merecem ser guardas com carinho e não com saudade. A vida não é monotonia nem podemos parar o tempo, devemos viver sempre com mais intensidade e não ter medo do desconhecido, pois é com ele que aprendemos a errar mas também a perceber, a cair mas também a levantar. É com ele, o presente incerto, que nos tornamos naquele que somos. A vida resume-se basicamente a um jogo, onde não existem regras nem instruções, um jogo em que casa quadrado é um novo desafio ou uma nova janela aberta para nós. Porém, se quisermos não é um jogo difícil, se olharmos aos pormenores e não ao que está há vista, pois é nas coisas mais pequenas, aquelas que parecem insignificante e que pouca gente repara que estão a resposta para o jogo que somos obrigados a jogar, um jogo chamado vida.
Fechei a porta. Respirei fundo e virei-me para a rua.
- Aí, que susto. O que é que estás a fazer aqui?
- Vou te levar.
- Mas tu supostamente não estavas em Madrid?
- Oh Bia, se eu te dissesse que ainda tava em Lisboa tu não me dizias as horas que ias e assim eu não te podia levar.
- Javi, não me devias ter mentido.
- Desculpa.
- Mas agora já que estás aqui vamos embora. Tenho um comboio para apanhar.
Ele apenas sorriu. Ajudou-me a meter as malas no carro e seguiu viagem. Fomos a falar todo o caminho que quando dei conta estou numa auto-estrada.
- Javi, eu sei que tu és espanhol, que não estás cá há relativamente pouco tempo e que enfim, a inteligência não é o teu forte, mas estamos no caminho errado.
- Obrigada por todos esses elogios, mas estamos no caminho certo.
- Aí estamos?
- Eu quando te disse que ia-te levar era ao Porto e não a estação. Temos muito que falar.
- Tás parvo? São 3 horas de viagem?
- eu sei, e?
- E? Tu não vais para Madrid? Vou, mas só daqui a 1 mês.
- És mesmo parvo.
- Eu vou-te levar e sou parvo? Ah bom.
- Desculpa, és um amor. Mas diz lá o que queres falar comigo. – Ele ia-me responder mas o meu telemóvel tocou. Era o David. Ainda não tinha tido coragem para acabar com ele, mas tinha de ser. Ainda me culpava por estado dele. Ainda não tinha podido voltar a jogar, por minha culpa. Ele comigo não estava bem, custava-me, mas ia ser o melhor para os dois. Ia tratar disso agora mesmo, já não podia esperar mais.
- Olá.
- Olá meu amor. Como cê tá?
- Bem e tu?
- Também. Cê tá estranha de novo. Me vai dizer que tá passando?
- Vou. David temos de falar.
- A gente já tá falando princesa. – E riu-se.
- Isto é sério.
- Pronto, chute.
- Eu quero acabar tudo.
- Como é que é?
- É o que ouvis-te.
- Cê não tá falando sério, tá?
- Desculpa David. Mas é o melhor para os dois.
- Me dá uma razão, vai. – Não lhe podia dizer que era para o proteger, pois conhecendo o David como conheço nunca ia concordar.
- Para quê?
- Me dá a razão vai. – A voz dele estava bastante alterada. A minha voz estava fraca. Os meus olhos tentavam conter o que lhe ia na alma mas em vão.
- Eu já não te amo mais. – Disse de uma vez, para não me arrepender.
- cê tá falando sério?
 - Sim David. Nem sei se alguma vez te amei, foi tudo muito rápido. Agora percebi que afinal o que sentia por ti não passava de uma bela amizade.
- Cê só pode tar zoando comigo.
- A minha decisão está tomada. Desculpa. – E desliguei. Desliguei a chamada, o telemóvel, o pensamento do David, desliguei-me de tudo. Sem o David nada fazia sentido.
- Estás bem? – Perguntou-me o Javi.
- Não, mas tinha de ser feito.
- Sabes bem que não Bia, tu só fizes-te porque quises-te.
- Javi, és o meu melhor amigo, sabes as minhas razoes. Não me condenes.
- Não te posso condenar por uma coisa que não querias fazer. Neste momento, fizes-te uma coisa que nunca se deve fazer. Seguir a cabeça em vez do coração.
Não lhe respondi, no fundo sabia que tinha razão. Encostei a cabeça ao vidro e fechei os olhos, desejei que tudo não pesadelo. E que, na vida real, a vida não fosse pensada, mas sim vivida.
31º Capitulo – “
Acordei com o Javi a chamar-me. Ele sabia o caminho porque lhe tinha dado a morada e ele posto no GPS.
- Bia? Bia? Chegamos.
- O quê? Ah chegamos. – Saímos do carro. A minha mãe tinha avisado que não ia estar em casa, mas que ia estar a D. Emília, a nossa nova empregada. Toquei á campainha.
- Boa tarde. – Disse a senhora.
- Boa tarde. Eu sou a Bia, a filha da D.Fernanda.
- Ah, menina Beatriz. A sua mãe disse que vinha hoje.
Lá entramos e fui por as coisas no meu novo quarto. O Javi continuava a dizer que não concordava e mais não sei quê mas nem lhe liguei.
- Javi, vamos á praia?
- Ah?
- Ah nada, vamos á praia de Matosinhos. Ouvi dizer muito bem dela.
- Só mesmo tu para ires á praia. Vamos lá.
- Olha só uma questão. Onde vais ficar?
- Num hotel, claro.
- Sim claro. A tua melhor amiga tem uma casa com 4 quartos e tu vais para um hotel. ESTÀS PARVO? Ficas cá em casa.
- Não quero dar trabalho Bia.
- Deixa de ser tótó, não dás trabalho nenhum sim?
- Se insistes.
- É claro que insisto. Olha, ficas neste quarto ao lado do meu. Vai lá por as coisas e prepara-te para a praia.
- Tu deves ter mesmo uma panca por praias.
- Eu adoro praia. Anda lá que quero conhecer a cidade.
Ele vestiu-se com calções de banho e eu com um vestido de praia e por baixo o biquíni.
                            
Entramos no carro e fomos perguntando como chegar á praia. A minha casa era na zona da Maia, um pouco afastada do centro.
Chegamos e a praia estava cheia. Era normal, estávamos em pleno Verão.
O Javi estacionou e saímos do carro em direcção ao areal.
- Isto vai ser bonito. – Disse para o Javi.
- Porque dizes isso?
- Por nada, tirando a parte do bonzão do Javi Garcia estar nesta praia só em calções de banho, acho que está tudo óptimo.
- Não gozes sim? Tu é que quises-te vir á praia. Eu vou tentar passar despercebido.
- Com essa altura és capaz. – E começamo-nos os dois a rir. A Areia estava bastante quente. Estendemos as toalhas uma ao lado da outra num local longe dos olhares indesejados. Deitei-me na toalha e o Javi fez o mesmo. Havia uma coisa que lhe queria perguntar mas ainda não tinha tido oprtunidade.
- Javi?
- Diz pequenina.
- Como estão as coisas com a Margarida?
- Estão iguais. Ela foi para o Algarve para casa dos pais e não sabe quando volta.
- Ah. Desculpa ter falado nisto.
- Não tem mal Bia, porque teoricamente nos não temos nada. Mas vamos mudar de assunto. Vamos á água?
- Ainda agora chegamos. Não me apetece.
- Vais a bem ou vais a mal?
- Nem penses Javi. Tu não eras capaz. – Mal acabei de falar já ele me tinha pegado ao colo e levado para a água. Estava gelada. Começamos a brincar dentro de água. Eu adorava o Javi, era sem dúvida o meu melhor amigo. Passado algum tempo sai da água. O David não me saia da cabeça. Eu sabia que tinha tomado a melhor decisão mas custava-me mesmo assim estar longe de quem eu amava.
O Javi saiu logo atrás de mim e parou-me o caminho antes de chegar á toalha, pondo-se á minha frente.
- Bia, é por causa do David?
- Sim, eu amo-o e não quero ficar longe dele. Então porque hás-de ficar?
- Como assim?
- Estás arrependida da decisão que tomas-te não estás?
- Estou Javi. Ele precisa de mim ao lado dele não longe dele. Foi por minha causa que teve o acidente? Sim. Mas eu agora tenho é de o ajudar a recuperar e não o abandonar.
- Aleluia rapariga. Estava a ver que nunca mais.
- Eu amo-o e isso é a única certeza que tenho.
- Anda.
- Vamos onde?
- Já vais ver. – Pegamos nas nossas coisas e dirigimo-nos ao carro. Paramos não sei quantas vezes para o Javi tirar fotos e dar autógrafos, sim, porque aquele ignorante esqueceu-se de por o chapéu e os óculos. Resultado? Todos o viram. Entramos no carro e o Javi começou a conduzir.
- Sabes ao menos onde vamos? Nem tu nem eu conhecemos o Porto.
- Sim, mas as indicações servem para alguma coisa.
- Mas as únicas indicações que têm são do aeroporto.
- Exacto.
- Não é o que eu estou a pensar pois não?
 - É Bia. Eu sabia que ias mudar de ideias. Por isso, desde ontem á noite que tens uma passagem para o Brasil á tua espera.
- Mas eu nem tenho malas.
- Isso é o menos. Lá compras alguma coisa.
- Como sabias que ia mudar de ideias?
- És a minha melhor amiga, já te conheço sim?
 - Gosto tanto de ti. – Disse dando-lhe um abraço e um beijo. Já tínhamos chegado. Ele parou e olhou para mim.
- Eu também meu amor, mas lembra-te que nem sempre a vida te vai dar duas oportunidades. Não deixes fugir esta oportunidade. Sê feliz sem pensares no amanha. – Abraçamo-nos e eu entrei no aeroporto. Lembrei-me que não tinha passaporte mas fui á minha carteira e ele estava lá assim como documentos e dinheiro. Só mesmo o Javi para se lembrar de tudo. Fiz o tinha a fazer e entrei no avião. Esperava-me uma longa viagem mas também uma longa conversa no fim dessa longa viagem, mas o importante era que ia atrás de umas poucos coisas boas da vida, ia atrás do verdadeiro amor.

32º Capitulo – “
Não consegui dormir nem um bocadinho durante a viagem. Perguntas como, “ o que irá dizer?”, “como irá reagir?”, “já não gosta de mim?”, não sabiam da minha cabeça.
Quando o comandante diz que chegamos eu nem sabia que estava feliz ou não.
Eu não conhecia nada do Brasil, aliás, era a primeira vez que lá ia.
Sai do avião e dirigi-me aos táxis.
Entrei num e perguntei ao Senhor.
- Boa tarde. Sabe-me dizer se estamos muito longe de Diadema?
- Portuguesa?
- Sim sou portuguesa. – Disse com o maior dos orgulhos. Tinha muito orgulho na minha nacionalidade.
- Notou-se logo. Não, não estamos muito longe. Cê quer que a leve até lá?
- Sim, se fizer o favor.
- Tem de me dizer é a morada. – Boa, sei lá onde ele mora.
- Pois. Não tenho morada específica. Deixe-me no centro de Diadema sim?
- A menina manda.
Fui a conversar com o senhor todo o caminho. Ele foi muito simpático e ia-me dizendo os sítios importantes por onde íamos passando. No fim, paguei-lhe com o dinheiro que o Javi me tinha posto na carteira e despedi-me do homem, sem antes ele me dar o seu cartão para o caso de me perder ou precisar dele.
Deixou-me numa praia, disse que ali era onde tudo se passava.
Ainda por ruas e ruas sempre perguntando onde ficava a casa do David Marinho. Ninguém sabia. Não queria dizer David Luiz para não alarmar muito.
Sentei-me num banco. Estava farta de procurar sem resultado nenhum.
- Garota? Anda há procura do David Marinho? – Disse uma voz feminina perto de mim.
- Sim ando. – Respondi levantando-me em seguida.
- Posso saber a razão? – Agora tinha de arranjar uma desculpa. Não ia dizer a uma desconhecida “ Ele é meu namorado mas eu acabei com ele e agora quero-o de volta”. Ou me chamava de maluca ou me chamava de maluca.
- Sou fã dele. Estou aqui de férias e queria um autógrafo.
- Venha comigo. Não é normal ele ser reconhecido no Brasil. – Eu juntei-me a ela e começamos a andar.
- Pois. – Não consegui dizer mais nada, ainda podia escorregar na minha pequena mentira.
- Mas me diga, como cê se chama?
- Beatriz, mas todos me tratam por Bia.
- Eu sou a Isabelle.
- Mas é assim que se chama a irmã dele.
- Pois, eu sou a irmã dele, e esta é a nossa casa. – Disse apontando para uma casa muito bonita que estava á nossa frente. – Vamos.
- Acho melhor não entrar assim. – Tinha medo de como o David iria reagir.
- Venha sim. – Dando-me a mão. – Você vem comigo pode entrar. – E sorriu. Realmente, era mesmo simpática a irmã dele.
Entramos. Era uma casa bastante acolhedora.
- Mãe? Mãe? Onde cê tá?
- Na cozinha Belle. – Seguimos então para a cozinha.
- Mãe, essa daqui é a Bia. É fã do mano lá em Portugal e tá cá de férias e queria falar com ele.
- Muito prazer minha filha. – Disse a mãe do David dando-me dois beijinhos.
- O prazer é todo meu.
- Onde ele tá mãe?
- No quarto. Ele anda muito triste. Não quer comer nem sair. Não é só por causa de não puder jogar futebol. Acho que a namorada de Portugal acabou com ele. Se eu pudesse falar com essa menina ela ia-me ouvir. Onde já se viu deixa-lo agora quando ele mais precisa? Mas o pior é que ele ama mesmo essa garota. – Senti o meu coração a mingar e a apertar com as palavras da mãe do David. A Belle deve ter reparado nisso.
- Mãe, não diga isso está assustando a menina.
- Ó minha filha, não se assusta não, apenas não gosto de ver o meu filho assim. Não parece o meu David.
- Pois. – Não saia mais nada da minha boca.
- Ma vá. É na 3º porta á direita no fundo do corredor.
- Obrigada. – Dirigi-me entao ao corredor. A porta que supostamente era do quarto dele estava encostada. Espreitei. Lá estava ele, de costa para a porta deitado em cima da cama. Ia entrar quando o telemóvel dele toca. Ele atende e mete-o ao lado dele em alta voz.
- Diga Manz.
- Como andas puto? – Era o Rúben. Sabia que era errado mas fiquei ali a ouvir a conversa.
- Como cê quer que eu ande?
- Pois, realmente. Pergunta parva. Mas ainda pensas nela?
- É claro né?
- Oh puto parte para outra. Já se viu que ela não quer nada contigo. Apesar de achar isso tudo muito estranho. Ela parecia gostar mesmo de ti mano. Mas a Inês também não se descose. Eu sei que ela sabe de alguma coisa mas ela não me diz.
- Também já não quero saber não.
- Como assim mano?
- Cê tem razão. Ela é que fica a perder. Vou mesmo partir pra outra. Sabe quem teve aqui em casa hoje?
- Quem?
- A carolina. Ela me convidou para ir logo a noite numa festa com ela.
- Que lhe respondes-te?
- Disse que não ia né? A Bia não me sai da cabeça. Mas agora eu vou ligar pra ela e vou aceitar.
- Isso quer dizer concretamente o quê?
- Quer dizer que a Bia faz parte do meu passado. Nem que ela viesse de propósito agora aqui ao Brasil eu a desculpava. É assunto passado meu irmão.
- Olha nem sei que te dizer. Tu é que sabes.
- Já decidi. Não há volta a dar.
- Olha puto eu vou desligar que a Inês já chegou. Fica bem.
- Abraço.
- Abraço. – Não precisava de ouvir mais nada. As lágrimas á muito que dominavam os meus olhos. Bati a porta do quarto com uma força tremenda. Corri em direcção á saída.
- Onde cê vai? Cê tá bem? – Perguntou-me a Belle quando eu passei na cozinha.
- Não. Não estou bem mas vou ficar. – Nem lhe dei tempo de responder. Sai daquela casa e daquela rua. Andei por entre ruas até chegar á praia. Corri para a areia e sentei-me a olhar o mar. As lágrimas não paravam de cair. Isto tudo foi culpa minha mas nunca pensei que ele voltasse já para a outra.
Naquele momento só queria desaparecer, desaparecer para longe, muito longe. Para um sitio onde ninguém me pudesse encontrar, para um sitio onde o amor pudesse reinar.
33º Capitulo – “
(David)
Quando desliguei a chamada do Rúben ouço a porta do meu quarto a fechar com muita força. Levantei-me e fui até á cozinha pra saber o que se tinha passado.
- Mãe, Belle, qual das duas bateu assim a porta do meu quarto?
 - Tu não a viste? – Perguntou-me a Belle.
- Não vi quem?
- A moça. – Respondeu minha mãe.
- Que moça? – Não tava entendendo nada do que elas falavam.
- Uma moça. Eu encontrei ela na rua onde tem aquela grande fábrica de motas, cê sabe né? – Afirmei com a cabeça. – Pronto, ela me disse que vivia em Portugal mas estava de férias com os seus pais aqui e que era sua fã. Eu ouvi e convidei ela para vir aqui falar consigo. Disse onde era seu quarto e ela foi mas passado um tempo ela passou por aqui a correr e a chorar. A mamãe aidna perguntou se estava tudo bem ela disse que não mas que ia ficar e saiu assim. Pensei que cê tivesse falado com ela.
- Não falei não. Não vi nenhuma garota no meu quarto. Ela disse como era seu nome?
- Disse. Se chama Beatriz mas disse todos tratavam ela por Bia. – O meu parou. Quando a Belle disse Bia eu só me lembrei de uma Bia, lembrei-me da minha Bia. Quer dizer, já não era minha na realidade mas para mim seria sempre a minha Bia.
- Meu filho, cê tá bem?
- Não mãe, tou tudo menos bem.
- Que passou mano?
- Eu não tenho a certeza mas acho que essa garota é a minha namorada, ou melhor, ex-namorada de Portugal.
- Porque cê diz isso?
- Porque primeiro ela se chama Bia e segundo porque eu tava dizendo ao Ruben que não queria nunca mais andar com ela de novo.
- E é mesmo isso que cê quer?
- Claro que não, eu amo ela mãe. Amo mesmo ela.
- Então maninho, acho que cê fez besteira e da grossa. – Mal a Belle acabou de falar saí correndo de casa. A minha mãe ainda me perguntou.
- Onde cê vai?
- Vou ser feliz minha mãe. – Ela sorriu e eu também.
Não sabia o que fazer e então liguei ao Ruben.
- Tou meu irmão?
- És mesmo melga. Ainda agora desliguei e já me estas a chatear outra vez? Sabes, ao contrário de ti tenho coisas mais interessantes para fazer.
 - Cala a boca. A Bia está em Lisboa?
- Achas que eu ando a segui-la para saber?
 - Isto é sério.
- Pronto. A Bia vai matar a Inês mas tudo bem. A Bia foi viver de vez para o Porto com a mãe. Ela partiu ontem de manha para lá com o Javi.
- Com o Javi?!
- Sim. – Não disse nada e desliguei. Tinha de ligar ao Javi. Já tinha tentado ligar á Bia mas ela tinha o telemóvel desligado.
Ele atendeu ao segundo toque.
- A Bia tá consigo?
- Clama. Não. Pensei que ela estivesse contigo.
- Comigo? Mas o Ruben me disse que ela tinha ido para o Porto.
- Sim e partiu ontem a noite para o Brasil. Para ir ter contigo. Porque ela não consegui estar sem ti meu.
- E ela já chegou?
- Sim. Ela ligou-me mal aterrou. – Desliguei. Comecei a correr por todas as ruas.
Conhecendo a Bia como conhecia só havia um lugar onde ela pudesse estar. Só havia um lugar onde ela poderia pensar. Corri até á praia mais próxima de minha casa.
Não estava quase ninguém. Apenas um grupo de rapazes no meio da praia. Eles começam a correr e eu vejo uma garota lá no meio deitada.
Corri até lá para a ajudar. Quando cheguei lá nem queria acreditar. Era ela. Ali deitada. Agarrei nela.
- Bia?! – Ela a muito custo lá abriu os olhos mas mesmo assim ainda ficaram semi-cerrados.
- David… - A sua voz era fraca. Ela deitava muito sangue pela barriga. – Fui assaltada.
- Vou já pedir ajuda. – As lágrimas começavam a cair nos meus olhos.
- Não…antes diz-me… uma coisa.
- Tudo que cê quiser.
- Tu… ainda me amas?
- É claro que eu a amo. – Ela sorriu levemente.
- Obrigada. Era isso que eu precisava de saber… Aconteça o que acontecer não te esqueças que eu te amo para sempre. – Fechou os olhos. A cabeça tombou ainda mais nos meus braços. Não sabia o que fazer mas ela não podia…não ia conseguir viver sem a garota que me pôs a amar de verdade.
34º Capitulo – “
( David )
Já estava a duas horas no hospital e nada de notícia dela. Estava a desesperar. Nem tinha ligado pra minha mãe nem pra Belle. Não as queria preocupar e não sem antes falar com ela. Sim, falar, ela tinha de estar bem. Se deus quiser não vai ser nada não.
- Familiares de Beatriz Vale?
- Sou eu.
- O senhor o que é em relação á doente? – Ora uma pergunta que também eu gostava de saber a resposta.
- Sou namorado.
- Então acompanhe-me.
- Doutor, como tá ela?
- Está livre de perigo e daqui a nada já venho trazer a alta. Mas ela precisa de descansar muito. É esse o quarto. Volto já cá.
- Obrigada doutor.
Abri a porta devagar para o caso de ela estar a dormir, mas não, ela estava acordada a olhar para a janela.
- Como cê tá? – Ela pareceu ter-se assustado com a minha voz.
- Estou bem. – Aproximei-me.
- Dói-lhe alguma coisa? – Tentei dar-lhe a mão mas ela retirou-a de imediato.
- A única coisa que me dói é o coração. – As lágrimas começavam a cair-lhe.
- Que tá passando? – Eu não tava entendendo.
- Eu ouvi TODA a tua conversa com o Rúben. Deixa-me sozinha preciso de pensar.
- Mas Bia…
- David, se alguma vez me amas-te deixa-me por-favor. – Como ela podia questionar que a ama? Depois de tudo, como? Não disse mais anda e sai do quarto, fazendo assim o que ela me pediu, por muito que isso me custasse.
35ºCaptiulo – “
Depois de o David sair do quarto eu deixei sair tudo o que sentia. Chorei pelo “amo-te” que não lhe disse, chorei por enquanto nós éramos um só eu não lhe ter dado mais certezas do que sentia por ele, chorei por ter sido egoísta e só ter pensado em mim na altura em que ele mais precisava de mim do seu lado, chorei mas acima de tudo pensei. Eu é que tinha provocado isto tudo, o acidente, ele ter desistido de mim, tudo. Sou desperta destes sentimentos pelo menos telemóvel.
- Olá Javi.
- Bia?! Como é que tu estás? Já sei do que se passou… - Ele estava realmente preocupado mas tive de o interromper.
- Calma sim? Eu estou bem, não foi nada de grave.
- Mas porque Bia? Porque sais-te daquela maneira de casa do David?
- Ah bom, ele contou-te tudo mas essa parte não. Grande lata a dele.
- Porque?
- Porque ele disse ao Ruben que acabou de vez, que ia aceitar um convite da Carolina para ir sair hoje á noite e que mesmo que eu viesse ao Brasil para falar com ele, ele não me iria desculpar. Javi, ele tem razão, fui eu que criei isto tudo. A minha mãe sempre dizia “tu vais-te deitar na cama que fizeres”, fiz mal a minha cama agora não há volta a dar. Eu tenho de seguir com a minha vida, como ele fez com a dele. – Já caiam novamente lágrimas dos meus olhos.
- Oh Bia, eu não te quero ver assim.
- Eu hei-de ficar bem, eu sei que sim.
- Eu tenho de desligar que a tua mãe está a chegar a casa e eu tenho de lhe dizer que vou voltar para Lisboa.
- Aí vais? E porque?
- Porque a Margarida voltou para Lisboa.
- Está bem.
- As melhoras. Porta-te bem.
- Ok chefe. – Rimo-nos os dois. – Beijinhos.
- Beijinhos.
Mal desliguei a chamada do Javi, assustei-me com uma voz.
- Cê acha que eu posso ser feliz sem você ao meu lado?
- Que susto David! – Ele estava encostado á porta com os braços cruzados.
- Não muda de assunto.
- Eu á bocado pedi para ires embora. – Atirei sem o encarar nos olhos.
- E eu fui. Mas voltei. – Ele aproximou-se e colocou o dedo no meu queixo levantando-o. – Olhe pra mim.
- Que foi David? – Disse, olhando-o nos olhos.
- Deixe de ser cabeça dura e diga que me ama.
- Amo-te.
- Tava a ver que não. – Não respondi, apenas o beijei.
Durante toda a minha vida fui guiada por inseguranças e incertezas, desta vez não. Eu só tenho uma certeza que é que amo o David. Aprendi que, somos nós que temos o comando que controla a nossa vida, só temos de o saber usar.
O médico chegou pouco depois e deu-me alta. Entramos dentro de um carro preto, não o conhecia mas era o David que o conduzia.
- David, onde é que vamos? – Perguntei pouco depois de ele ter arrancado.
- Vamos para minha casa.
- O quê?! Eu não devo ter ouvido bem.
- Sim, ouvis-te muito bem. Você até já a conhece e tudo.
- Eu não posso David.
- Porquê? – Ele tirou os olhos da estrada e olhou para mim.
- Olha para a estrada. – Ele assim o fez. – A tua mãe não é propriamente minha fã, digamos. – Disse eu, lembrando-me da conversa em casa dele.
- Não diga isso meu amô.
- É a verdade David.
- Mesmo que seja, ela vai aprender a gostar de você. Porque você vai ficar comigo durante muitos anos.
-Oh Dê…
- Oh nada. Tá decidido. – Olhou-me e sorriu.
O resto da viagem foi feita entre brincadeiras. Tentei não pensar mas a verdade é que a reacção que a mãe dele teria assustava-me bastante. Chegamos. Ele estacionou e saiu do carro. Olhei pela janela e vi a mãe dele a vir em direcção ao portão. Fiquei sem reacção.
36º Capitulo (Preview)
- Oi meu filho. Fiquei preocupadona com você. Ao celular não me explicou nada não.
- Calma minha mãe. Queria apresentar uma pessoa para você. -  Vi David a olhar na minha direcção e ai ver a minha cara de pânico continuou. – Mas vá indo pra dentro que a gente já entra logo.
- Tá bom Davi. – E entrou. Suspirei de alivio, ao menos ainda tinha mais uns segundos para me mentalizar.
O David deu a volta ao carro e chegou pé da minha porta, abriu-a, deu-me a mão para sair e voltou a fecha-la.
- Meu amô, não fica assim não, me parte o coração vê-la assim.
- O Dê mas eu sei que ela não vai gostar de mim.
- Vai sim. Eu vou tar aqui, mesmo do seu lado segurando sua mão.
- Obrigada. – Sorri e beijamo-nos. Ainda não estava mentalizada do que se ia passar mas não queria que o David ficasse triste. Eu ia por ele, por mim, por nós.
Começamos  a caminhar em direcção á porta. As pernas começaram-me a falhar e o meu passou começou a ficar mais lento. O Dê notou e apertou-me ainda mais a mão dando-me de seguida um daqueles sorrisos que me deixavam nas nuvens.
Entramos.
- Mãe, Belle, essa é a Bia, minha namorada. – Olhou para mim e sorriu. Elas ainda não em tinham visto porque eu estava atrás do David mas ele fez questão de me passar para a frente dele logo que acabou de falar.
- Olá. – Foi a única coisa que consegui dizer. Olhei para elas. Não conseguia descodificar o que pensavam, olhavam-me de uma maneira muito estranha. Baixa o olhar em sinal de derrota.
Queria sair dali, eu já estava mentalizada que elas não me iam aceitar depois de tudo, mas no momento doía mais do que eu alguma vez achava possível. Eu amava o David e sabia perfeitamente que a família era muito importante para ele. A família dele não me aceitar ia ser o seu maior desgosto. Eu não o podia condenar a isto. Ele devia namorar com alguém que a família aceitasse. Os meus pensamentos são interrompidos pela mãe do David. Agora sim, ia começar a discussão.
- Davi, meu filho, cê se importa de repetir? Acho que não tou ouvindo bem não. – Disse, numa voz calma. Estranhei.
- Minha mãe, que quer que lhe diga?
- Esta garota que está agora aqui é a mesma que teve aqui a bocado dizendo que era sua fã e que estava cá de férias que por sua vez é a mesma garota que é sua namorada de Portugal, aquela que deixou você pelo celular, aquela que não o apoiou quando mais precisou e aquela que é a razão de você estar sem jogar futebol tanto tempo, sem saber se joga mais alguma vez na vida…
- Já chega mãe. A senhora não acha que está exagerando não? – O David interrompeu a D.Regina porque ele percebeu que ouvir aquelas palavras me estava a magoar muito.
- Não David, eu ainda não acabei. – O David ia responder mas eu antecipei-me.
- Deixa amor, deixa a tua mãe dizer tudo o que tem a dizer. Ele ainda não disse nada que não seja verdade. – Disse, baixando a cara nesta última parte. A mãe do David continuou.
- Que por sua vez é a mesma garota que atravessou um oceano inteiro por sua causa, para lhe provar o quanto o ama e que está arrependida. -Disse virada para David. A seguir virou-se para mim. – Minha filha, noto que você está assustada com medo que eu não goste de você, mas fique sabendo que eu gosto muito de você. Já gostava antes quando o meu David me falava de como cê é perfeita e de como ele estava muito feliz com você. E agora, continuo gostando. Erros todos nós comentemos, mas Deus deu ao Homem a capacidade de perdoar, então, se temos esse dom é para ser usado. Eu sei que o David já perdoou você, vejo no vosso olhar. Sei também que vocês de amam de verdade e nada deixa uma mãe mais feliz do que ver o filho a amar de verdade e a se deixar ser amado por uma garota que o ama incondicionalmente. Eu não tenho de perdoar você em nada, porque cê não em fez nada, mas se se sentir melhor fique sabendo que eu já esqueci tudo, faz parte do passado e agora quero conhecer você e espero que goste desta casa e desta família, que a partir de hoje também será sua. – Perante a grandiosidade destas palavras eu senti-me muito pequena e insignificante. Limitei-me a abraçar a mãe de David e a deixar que as lágrimas transmitissem tudo o que estava a sentir, uma enorme felicidade.
O David e a Belle juntaram-se ao braço.
Ainda ficamos a falar mais um bom bocado até que o David me puxou para o quarto dele.
- Está vendo meu amô, não precisava de estar preocupada não. – Disse, entanto fechava a porta e eu me sentava na cama.
- Oh, a tua família é que é mesmo simpática. Não mereço. – Baixei a cabeça.
- Não merece o quê princesa? – Perguntou o David colocando-se de joelhos á minha frente.
- Não mereço nada disto. E muito menos a ti.
- Merece sim, e sabe porque?
- Porque?
- Porque eu amo você mais que á minha própria vida. É a razão pela qual o meu dia faz sentido, a razão pela qual eu sou feliz, só você me completa, mais ninguém á face da terra me faz sentir o que eu sinto quando estou com você. – Ele tinha aberto o coração para mim. Foi tão genuíno e verdadeiro que me fez arrepiar todo o corpo. Beijei-o. Num beijo longo e demorado, um beijo em que estava expresso todo o nosso sentimento. Um beijo sem pressas, um beijo que me fez sentir segura.
- Amo-te com todas as minhas forças e as de todo o mundo juntas. És a razão da minha vida meu caracolinhos. – Sorrimos os dois, um sorriso sincero e verdadeiro. Voltamos a unir os nosso lábios, num beijo tão ou mais intenso que o anterior.
- Que tá passando aqui? Posso saber? – Diz uma voz, fazendo com que eu e o David paremos o beijo e fiquemos a olhar embasbacados na direcção da porta do quarto de David.
37º Capitulo
- Carolina? Que tá fazendo aqui?
- Vim buscar o que é meu. Você me pertence David.
- Não. Eu pertenço a quem pertencer meu coração. E meu coração pertence á Bia.
- Tá falando desse pãozinho sem sal? – Eu ouvi calada até agora, mas ela passou das marcas quando em chamou aquilo. Estava a ficar sem paciência. – Ela não tem estofo para um homem com H grande como você. – Pronto, esgotou-se a paciência.
- Olha lá, eu não te conheço de lado nenhum para tu me tratares assim. Outra coisa, o David pode já ter sido teu namorado mas já não é mais, é meu, ouviste bem? MEU. Logo desanda daqui e para bem da tua rica saúde que eu nunca mais te volta a rondar a minha propriedade. Estamos entendidas? – Ele olhava para mim espantada e o David também.
- Um dia vai-te arrepender David. – E saiu. Parece que fui esclarecedora o suficiente.
- Amor, estás bem? – Ele não em responde e senta-se na cama. – David, responde.
- Eu amo tanto você.
- Não era esse tipo de resposta que estava á espera, mas também serve.
- Nunca esperei que cê fizesse uma coisa destas.
- David, eu amo-te. Demorei a perceber isso, demorar a aceitar isso mas agora nada me vai afastar de ti. Só me volto a ir embora se fores tu a mandar-me, de outra maneira esquece. Vais ter muito que em aturar.
- Aturo com todo o gosto, meu amô. – Puxou-me para ele e caímos os dois em cima da cama. Ficamos assim a matar saudades.
Era incrível, como em meses ele se tornou a razão do meu viver. Eu já não me imagino sem ele. O David foi a melhor coisa eu em aconteceu. Depois da morte do meu pai, ele fez-me voltar a sorrir como nunca antes o tinha feito depois de o perder. Com o meu amor, eu sentia-me complecta e realizada.
Não posso dizer que é um amor para a vida, porque tanto ele como eu somos muito novos, mas posso dizer que é um amor verdadeiro. Sorri, ao recordar isto tudo.
- Meu amô, porque tá sorrindo? – Perguntou, enquanto brincava com o meu cabelo.
- Estava a pensar em como é a primeira vez que estou a sorrir verdadeiramente desde a morte do meu pai. – Baixei a cabeça ao me lembrar desta última parte.
- Não quero ver você triste meu bem.
- Eu estou feliz David, tu fazes-me feliz.. – Beijamo-nos. Apenas lábios mas mesmo assim sentido.
- Posso meu filho? – Dizia D.Regina do outro lado da porta. Eu e o David sentamo-nos na cama.
- Claro mãe. – Ela entrou.
- Só vinha avisar vocês que podem vir jantar.
- O Pai também vem?
- Sim, vamos jantar eu, seu pai, sua irmã e o seu cunhado, suas tias e tios e seus primos todos.
- Quer dizer que tá aí todo mundo?
- Sim meu filho. – Acho que paralisei neste momento.
- Tá bom mãe. – Ela saiu.
- David, toda a tua família?
- Meu amô não fica assim não, eles são boa gente.
- eu não duvido, mas…
- Não tem mas. Eu vou estar do seu lado sim? – Beijou-me e sorriu-me.
- Ok. Deixa-me mudar de roupa que já estou com esta á muito tempo.
- Mas princesa, cê não trouxe roupa. – Boa, mais uma coisa para me infernizar a vida. – Não saia daqui. – Não me deixou responder e saiu. Fiquei naquele quarto sozinha a pensar no que ia vestir. Quando de repente entra o David com a irmã.
- Venha Bia, eu lhe empresto algo meu. Devemos vestir o mesmo.
- Não é preciso Belle. Não quero dar trabalho.
- Não dá meu amô. Vá lá se trocar que eu lhe fico esperando lá em baixo. – Beijou-me e sussurrou-me ao ouvido. – Amo você.
- Também te amo zuca lindo. – Sorriu e ele saiu do quarto. Fui com a Belle ao quarto dela. Estivemos a ver algumas coisas e optei por um vestido de verão.
A Belle já tinha descido. Desço e sigo o barulho que em leva ao jardim. Quando entro todos se calam e vejo o David a olhar para mim feito parvo.
38º Capitulo
- Você tá maior gata meu amô. – Disse o Dê chegando perto de mim.
- Não digas isso que me deixas vermelha, já sabes.
- Ele tem razão. Você está muito linda.
- Oh Belle, não fiques do lado dele. – Rimo-nos.
O David foi-me apresentando á família dele. Eram todos muito simpáticos.
O almoço correu muito bem, melhor até do que eu esperava. No fim, vim um bocadinho até ao jardim.
Descalcei-me e coloquei os pés dentro da piscina.
- O David está muito feliz com você – Assustei-me. – Não precisa de se assustar.
- Desculpe, mas não contava com a sua presença.
- Posso lhe saber companhia?
- Claro. – O pai do David tirou também ele os chinelos e colocou também os seus pés dentro da piscina.
- Sabe, quando o David nos disse que tinha arranjado uma namorada de Portugal nós pensamos que seria mais uma para se aproveitar dele. Mas sabe, a maneira como ele falava de você, a maneira como dizia que a amava, levou eu e minha mulher a ficar muito preocupados.
- Porque razão?
- O nosso filho é um garoto bem parecido, com dinheiro e é conhecido. É genuíno, honesto, trabalhador e sincero. Tudo o que uma mulher quer ele tem. Admito, que ficamos ainda pior quando ele nos disse que você só tinha 16 anos. Pensamos que podia ser um amor platónico, e que você só gostava dele como ídolo. Ficamos preocupados também, porque se fosse esse o caso ia ser muito grave pois o David gostava mesmo de você.
- Vai-me desculpar mas eu amo o seu filho, eu…
- Calma. Eu e minha mulher percebemos isso quando vos vimos juntos. Os vossos olhos brilham quando se olham, ficam … nem lhe sei explicar. Mas é muito bom mesmo ver meu filho assim. Só tenho de lhe agradecer.
- Quem te de agradecer sou eu, pelo seu filho me fazer muito feliz.
- Mas, me fale sobre você.
- Que quer saber?
- Que fazem seus pais?
- O meu pai era médico pediatra e a minha mãe é advogada.
- Era?
- Sim, o meu pai já faleceu.
- Me desculpe, não era de todo minha intenção.
- Não tem problema.
- Em que ano estuda?
- 11º ano de Ciências.
- Que quer seguir?
- Não sei. Gostava de medicina, letras ou jornalismo. Se bem, que nunca pus de parte a hipótese de ir para o conservatório.
- É uma rapariga com objectivos.
- Me roubando a namorada pai? – Disse o David chegando perto de nós.
- Não meu filho, mesmo que quisesse essa garota só tem olhos para você.
- Acho bem. – Agarrou-me. Nesta altura já nos encontrávamos os três de pé.
- Guarde bem essa garota filho, não se encontram mossas assim e que gostem tanto de você como essa moleca.
- Guardarei sim pai. Para sempre. – Selamos o momento um beijo curto mas apaixonado.
39º Capitulo
Aqueceu-me o coração ouvir aquilo da boca do David. Aquele sim, era o homem que eu amava e queria ao meu lado por muito tempo, e se não fosse pedir muito, para sempre.
O resto do jantar correu bem e eu fiquei a dar-me ainda melhor com a irmã do Dê. Claro que, antes de as pessoas começarem a sair, o David ia pedindo para não contarem nada sobre o nosso namoro, e todos, muito amavelmente acederam ao nosso pedido.
Passara-se quatro dias desde o jantar e eu já estou em Portugal. O David ainda lá ficou. Eu só vim ontem porque ele me pediu para eu ficar mais um ou dois dias e eu assim o fiz.
O Javi voltou para o Porto. Parece que aquilo com a Margarida não correu lá muito bem e eu convidei-o para vir cá passar mais uns dias. Pois, ainda faltava para ir para Espanha.
Hoje á noite vamos sair os dois. Vamos nos divertir numa das mais badaladas discotecas do Norte. Ouvimos falar dela e decidimos experimentar.
Estava a acabar de me arranjar quando a minha mãe entra no quarto.
- Estás tão linda, filha.
- Oh, obrigada mãe.
- Então, quando volta o David?
- Ele ainda não sabe. Mãe, tens a certeza que não estás mesmo chateada comigo por eu ter ido assim para o Brasil?
- Bia, é para aí a 10000 vez que me perguntas isso. Não meu amor, o Javi explicou-me tudo. Apesar de achar que foi tudo muito rápido, vejo que estás apaixonada.
- Sim mãe, estou muito. – Nesse momento tocam á campainha.
- Vais lá filha? – Estranhei não ir a D. Emília, mas tudo bem.
- sim mãe. – Desci as escadas e abri a porta. – Inês? Ruben? Que estão aqui a fazer?
- A tua mãe convidou-me para vir passar aqui uns dias contigo e eu perguntei se o Ruben podia vir.
- Oh, ainda bem que vieram. Entrem.
- Espero não incomodar Bia.
- Deixa de ser tolo sim Ruben? – Ele sorriu e eu também. – Vem, mas eu e o Javi íamos sair agora mesmo. Não querem vir connosco?
- Claro que sim. – Respondeu logo a Inês.
- Entao venham, vou vos dizer onde ficam. – Foi lhes dizendo. A Inês ia ficar no meu quarto e o Ruben num dos quarto de hospedes ao lado do quarto onde estava o Javi.
A minha mãe cumprimentou os dois pouco depois e disse-me que era uma surpresa porque ela tinha de ir uns dias a Lisboa tratar de uns assuntos da nova firma de advogados que estava agora a gerir no Porto. Disse ainda que partiria hoje á noite. Despedimo-nos dela que ela tinha de ir apanhar o avião.
 Eu a Inês fomos para o meu quarto acabar de nos arranjar para a noite maravilhosa que nos esperava.
Demoramos 1 hora e 30 minutos, relativamente pouco tempo para o normal.
Cada uma pegou na sua carteira e descemos para a sala, onde já estava o Javi e o Ruben.
Bia
Inês
- Uih – Disse o Ruben. – Javi, parece que vamos ter de ter muito cuidado com Etas meninas. Estão tão lindas.
- O David mata-me se não cuido da namorada dele.
- Eih lá, nós estamos aqui sim? – Disse eu não aguentado e rindo-me. Todos me seguiram o gesto.
- Então, vamos aproveitar a noite ou vamos ficar aqui a pregar feitos crentes? – Só mesmo a Inês para dizer uma coisa destas.
- Tinha de vir. Sim meu amor, vamos lá aproveitar esta noite que ou muito me engano ou vai trazer muitas surpresas. – Disse.
Saímos de casa e seguimos todos no carro do Ruben para a discoteca que se chamava “Pedra do Couto”, onde íamos viver uma noite inesquecível.
--
Quando lá chegamos estava uma fila enorme, mas claro que estar com dois jogadores do Benfica servia para alguma coisa.
Eles tiraram umas fotos, deram uns autógrafos e entramos rápido.
Lá dentro o ambiente era simplesmente espectacular.
O Javi viu uma mesa com dois sofás e deu-nos sinal. Dirigimo-nos para lá e sentamo-nos. Eu fiquei com o Javi ao meu lado e a Inês á minha frente.
- Estou cá com uma sede. – Disse o Ruben. Resolvi implicar com ele,
- Isso é estranho.
- Porque?
- Porque costumas é estar sempre com fome. – Todos nos rimos tirando o Ruben. Mas depois lá não aguentou e riu-se também.
Continuamos a falar e a beber. Eu era a que bebia mais. De repente ouço a chamar do palco o meu nome, a dizerem que tinha sido inscrita no Karaoke. Olhei para eles os três e eles riram-se que nem perdidos. Eu podia não estar muito bem mas eles também não ficavam atrás.
No meu estado normal não teria ido, pois desde que cantei daquela vez no aniversário do David numa mais cantei em lado nenhum. O meu agente bem me tentava convencer mas eu dizia sempre que para já não.
Cheguei ao pé do Dj e disse-lhe qual era a música que queria. Apesar do meu estado de electricidade e de alegria ser elevadamente elevado optei por uma música mais calma, para começar.
Jesse Mccartney - Just So You Know
Nesta música libertei-me completamente. Era uma das minhas músicas preferidas.
A seguir a esta muitas mais se seguiram e já não larguei mais o microfone. O Javi, a Inês e o Ruben também já se tinham juntado a mim.
Não me lembro muito bem mas acho que saímos da discoteca eram já 8 da manha. Apanhamos um táxi e seguimos para minha casa. Decidimos que depois voltaríamos para ir buscar os carros. Nem o Javi nem o Ruben estavam em condições de conduzir, aliás, nem sei como conseguimos dizer a morada ao taxista.
Já sabia que não ia estar ninguém em casa. Como a minha mãe ia para fora deu a semana de folga á D. Emília, e ainda bem, não seria nada bom ver-nos naquelas míseras figuras.
Cada um para o quarto que lhe correspondia e se, fizeram como eu, adormeceram mal caíram em cima da cama.
-------------
Acordei com o radioso sol que me batia na cara.
Fiquei assim um bocado de tempo sem ter noção de onde estava, do que acontecerá, sem ter noção de nada até que a minha memória se avivou.
A muito, muito custo levantei-me da cama e peguei no telemóvel que estava em cima da cómoda. Eram 16h. Até tinha dormido bastante tempo.
Vi também que tinha várias chamadas não atendidas do David assim como também várias mensagens.
Decidi ligar-lhe.
Atendeu ao fim do primeiro toque.
- Bom dia. – Disse, com a voz de quem acabara de acordar. Se o meu acordar já era mau entao nestas ciscuntâncias eram ainda pior.
- Bom dia? Cê sabe que horas são? Cê sabe que eu tive este tempão todo preocupado com você? – Dizia ele, num tom de voz, que para mim era demasiado elevado. Tive de o interromper.
- David, fala mais baixo.
- Cê tá de ressaca?
- Pode dizer-se que sim.
- Que se passou Beatriz?
- Não precisas de me tratar pelo nome direito. A minha mãe convidou a Inês e i Ruben para viram cá passar uns dias ao Norte porque ela ia tratar de uns assuntos a Lisboa. E olha ontem fomos sair os quatro e bebemos um bocadinho e chegamos a casa tarde, ou melhor, cedo. Quando saímos de lá já passava das 8h da manha.
- cê não pode tar falando sério.
- Aí David, queres ver que agora não posso ir sair com os meus amigos é?
- Poder pode, mas também me podia ter dito alguma coisa não?
- Desculpa bebé. Mas não se passou nada.
- Cê só teve mesmo com eles os 3?
- Claro David. Quer dizer a discoteca estava cheia mas sim, foi só com eles os três.
- Tá bom. Mas não volte a repetir.
- Prometo. Mas e quando voltas?
- Não sei.
- Hum ok. Olha vou tomar banho. Depois falamos. Beijinhos. Amo-te.
- Te amo.
Desliguei e fui tomar banho. Vesti uma roupa simples e fresca.
Desci e já se encontravam os três na sala. Estávamos todos com a mesma cara de ressaca.
Estivemos a falar sobre a noite anterior quando tocam á porta.
A muito custo me levanto e vou abri-la.
Assim que vejo quem está do outro lado os meus olhos abrem-se totalmente.
- David … - Ia-me a lançar para os braços dele mas ele trava-me o movimento. Estava com um cara fria e de desilusão. – Que se passa?
- Isso pergunto EU. Vinha fazer uma surpresa para a minha namorada, ou melhor EX-NAMORADA e quando chegou a Portugal entro ISTO. – Passou-me uma revista para as mãos eu fico sem reacção. Só o titulo e as duas imagens de capa não me davam vontade de ter a noticia.
“Estrelas do Benfica divertem-se na noite do Norte com companhia feminina”. E tinha uma foto minha e do Javi abraçados e uma do Ruben e da Inês a beijarem-se. Espera lá. Ruben e Inês a beijarem-se????
Abri a noticia na pagina e dizia.
“ Os craques do Benfica Javi Garcia e Ruben Amorim foram apanhados pela nossa revista enquanto se divertiam numa das mais badaladas discotecas do Norte do País.
Estes dois rapazes que conquistam qualquer coração estavam na companhia de duas belas morenas. Uma delas de nome Inês Monteiro, parece de facto namorada de Ruben Amorim. As várias fotos tiradas a este «casal» foram muitas e as trocas de afecto e carinho foram constantes.
Mas a figura feminina da noite foi a outra morena. Beatriz Vale encantou os presentes na discoteca, não só pela sua extrema beleza como também pela sua voz. A morena não largou um minuto o microfone, e quem parece que agradeceu foi o Dj presente, visto que, nós encontramos ambos em momentos comprometedores. Já Javi Garcia divide-se também entre Beatriz e as mulheres presentes.
Os quatro saíram da discoteca já passava das 8h da manha, e pelo que a nossa revista apurou o Dj acompanhou-os, sempre, claro está, abraçado á bela Beatriz Vale.”
Tinha ainda fotos minha com o Dj, com o Javi. Fotos com o Ruben e a Inês e de nós os quatro.
Fechei a revista e olhei o David.
A sua expressão era a mesma. O que fui eu fazer?
40º Capitulo
- David, não é nada do que estás a pensar.
- Entao me diga o que eu estou a pensar, porque nem eu sei.
- Entra para falarmos.
- Eu não quero falar com você.
- Mano, entra lá. – Disse o Ruben da sala. O David entrou e eu fechei a porta. Ele seguiu para onde vinha a voz do Ruben e eu segui atrás.
- Desculpa, isto… Tu sabes como são os jornalistas, distorcem a verdade. – Disse já entre o cair das lágrimas.
- Sei sim, mas imagens não enganam não. – Levantei-me e coloquei-me de joelhos á sua frente.
- David, quando eu proferi um amo-te para ti foi o mais sincero que pude. Achas que se eu não te amasse tinha acabado com tudo e ficar de rastos só para tu não teres ao teu lado quem te fez mal? Achas que se eu não te amasse tinha ido para o Brasil só para tu me perdoares? David, eu amo-te logo não vou andar aos beijos a outro, mas tens de entender que eu tenho amigos e gosto muito de me divertir. Sabes que gosto de ser livre, mas eu condicionei a minha liberdade para estar ao teu lado, porque quero e porque te amo. Acredita em mim. – Agarrei-lhe nas mãos. Quando olhei já estávamos os dois sozinhos na sala.
- Eu fiquei muito magoado com você.
- Dê, não aconteceu nada, juro.
- E estas fotos com esse daí?
- Este era o Dj, que por acaso é meu amigo de Lisboa. Por isso é que tive a falar tanto tempo com ele. – Ele olhou para mim com cara de desconfiado. – Tu não acreditas em mim? – Não podia ser, eu namorava com uma pessoa que não acreditava em mim. As lágrimas aumentaram em massa o seu ritmo de queda e eu levantei-me e virei as costas ao David. Se ele não acreditava em mim eu não podia fazer mais nada.
 Uma sensação de vazio invadiu-me sem me perguntar se podia, o que eu mais temia tinha chegado, tinha chegado o fim de algo que tornou a minha vida muito melhor, algo que me fez despertar do sonho acordado em que em encontrava.
Olhei uma última vez para trás e ele encontrava-se no mesmo sítio, exactamente na mesma posição. Mesmo sabendo que eu me iria embora ele não me dizia nada. Ele tinha tomado uma decisão e o meu dever, por respeito a ele era aceita-la.
 - Quando saíres fecha a porta. – Disse, voltando a olhar de frente para o caminho que me iria levar para longe dele.
- Não. – Estremeci com tal resposta inesperada. Voltei-me completamente de frente para ele e nesse preciso momento ele levanta-se e olha-me nos olhos, exactamente da mesma maneira que em olhou no primeiro dia que nos conhecemos. – Eu acredito. – Não estava a entender tal resposta visto que ter nexo nenhum com ele fechar a porta.
- Não estou a entender. – Ele começou a avançar na minha direcção. Fiquei estática e sem reacção com tal iniciativa. Pensei que tinha chegado o fim, mas talvez, o fim que por vezes pensamos que chegou pode ser um fim relativo, um fim de um episódio ou uma página virada, e não o fim absoluto, que se resume no culminar de tudo, no fim do livro que demoramos uma história a escrever.
- Eu acredito em você. – Agarrou-me a cara com ambas as mãos, como se ela fosse algo precioso, algo raro e sem igual. O toque dele provocava em mim uma sensação de segurança, uma sensação de que poderia vir tudo e esse mesmo tudo seria superado. 
- A sério?
- Claro garota.
- Eu amo-te tanto.
- Eu sei, cê não cê me diga quem é que vai até ao Brasil só para pedir desculpas? Eu também amo você garota, muito mesmo e não vou desgrudar do seu pé mais não, porque já percebi que há por aí muito cara querendo a minha namorada e sabe… - calei-o com um beijo. Eu sentia necessidade de o sentir de novo, de sentir que ele me pertencia.
- És mesmo bobo, eu só te quero a ti brasuca.
- E eu a você minha gata. – Desta vez foi ele o primeiro a unir os nossos lábios. Estávamos tão invertido que não demos pela entrada deles, até que o Ruben decide falar depois de tossir forçadamente.
- Sabem, nunca gostei muito de marmelada, prefiro queijo. – Ele não ia ficar sem resposta.
- Entao não sei porque fizes-te marmelada ontem a noite com a Inês.  – Ele ficou de todas as cores e a Inês também. Eu, o Javi e o Dê riamo-nos.
- Tá vendo babaca, agora ela calou você.
- Cala-te, ó brasileiro aportuguesado.
Depois de passarem um bom bocado de tempo naquelas picadelas um com o outro lá conseguimos almoçar.
De tarde fomos até aquela praia que eu tinha ido com o Javi antes de ir para o Brasil.
Enquanto a Inês apanhava sol ( sinceramente, não sei como as pessoas conseguem ficar tanto tempo ao sol sem fazerem nada) e o Ruben e o Javi estavam na água a brincar ( acreditem, quando digo brincar quero mesmo dizer brincar) eu e o David fomos dar um volta pela praia.
Sentamo-nos numas rochas, assim, num canto recatado até que ele faz uma pergunta que me deixa literalmente sem saber o que responder. Eu sabia que tínhamos de falar sobre esse assunto, mas depois do que se tinha passo hoje tinha medo que nos chateássemos outra vez por causa da minha resposta á pergunta dele, mas eu tinha de ser sincera e dizer a verdade.
- Meu amô, me diz, porque cê tá aqui no Porto? – Engoli em seco, preparando-me metalmente.
- David, eu tenho uma coisa para te dizer.
- Diz.
- A minha mãe … Eu …
- Sim…
- Bem, ela abriu uma nova filial da empresa de advogados aqui no Porto e vai ficar cá. A mãe da Inês gere a de Lisboa e a minha mãe a do Porto.
- Isso quer dizer que …
- Quer dizer que eu vou passar a morar aqui no Porto. -  As lágrimas corriam-me pela cara a baixo. Não sabia como ele ia reagir mas mais importante, não sabia como íamos ficar depois disto.
Eu não o queria perder, não depois de tudo o que já passamos.
Ele na falava, simplesmente olhava o mar. Não estava a aguentar o silencio dele que perguntei.
- David, diz alguma coisa por-favor.
- Que cê quer que eu diga?
- Não sei qualquer coisa.
- Me deixe pensar, por-favor. – Acabando de falar, levantou-se e começou a caminhar ao longo da praia junto ao mar, no sentido inverso ao do resto do pessoal.
Eu deixei-me ficar naquela rocha escura e fria, na realidade, coincidia na perfeição com a minha alma, quando eu não estava de bem com o Dê, a minha alma ficava neste esado.
Não sei há quanto tempo me encontrava a chorar descompassadamente, agarrada ás minha pernas com a cabeça enterrada no seu meio, o que sei é que senti alguém a abraçar-me por trás.
- Bia, o que se passou?
- Eu contei-lhe que ia viver aqui no Porto. – Disse. Nunca me mexendo da posição que estava e nunca parando aquele soltar de lágrimas.
- Ele reagiu mal?
- Não Javi, pior, ele não reagiu.
- Oh pequenina anda cá. – aconchegou-me ainda mais num abraço reconfortante, um abraço que eu estava a precisar, um abraço do meu melhor amigo.
- Eu não sei o que fazer.
- Eu compreendo a parte dele. A relação dele com a carolina acabou por causa da distância, é normal ele ter medo de arriscar noutra relação á distância.
- Eu amo-o, e ele já devia saber isso.
- Bia, olha para mim. – Puxou-me o queixo para cima obrigando-me a encara-o. – Ele sabe que tu o amas, e acima de tudo, ele ama-te, mas ele tem medo. Tu no inicio também não tinha medo de começar uma nova relação por causa do que passas-te? – Assenti com a cabeça, o que fez ele prosseguir. – Entao, é exactamente a mesma coisa. Dá-lhe tempo e ele vai tomar a decisão mais acertada.
Deu-me um beijo na testa e puxou-me para me levantar e ir com ele ter com o resto do pessoal. Enquanto caminhávamos o Javi continuava a abraçar-me, como que a querer dizer-me que estaria sempre presente. Ao longe avistei o David também a vir na nossa direcção com o Ruben.
( David )
Quando ela me falou aquilo eu nem queria acreditar, outra vez a distância se metendo no meu caminho. Não queria ficar longe dela mas se por causa disso uma relação tinha falado, quem me garantia que esta não iria falar também?
( David )
O Ruben se sentou ao meu lado.
- Entao mano, que se passou?
- A Bia me disse que tinha de ficar aqui a viver.
- Pois, eu já sabia mano. A Inês disse-me. Mas eu achei melhor ser a Bia a dizer-te.
- A minha relação com a carolina acabou por causa da distância. Não quero que aconteça o mesmo com a Bia.
- Tu ama-la e sabes que ela te ama. Vê isto como uma prova ao vosso amor.
- É fácil falar mano, mas não é fácil agir.
- Lembra-te, a distância trás saudade, nunca o esquecimento. – Aquelas palavras faziam realmente sentido e não ia desistir. Eu amo-a e sei que ela me ama.
- Vamos mano. Tenho de falar com ela. – Ele sorriu. Se eu estivesse feliz, ele estava e ao contrário. Portugal trouxe-me muitas coisas boas, mas a amizade do Ruben era das melhores coisas.
Ele não respondeu. Levantou-se e eu juntei-me a ele. Ao longe vi a Bia a vir com o Javi. Sorri. Era bom que um grande amigo meu se tenha tornado no seu melhor amigo. A amizade deles podia durar á pouco tempo mas era tão forte como a minha e a do Ruben.
( Bia )
Assim que chegamos relativamente perto um do outro o David vem até mim e abraça-me.
- Desculpe, desculpe, desculpe… - sussurrava-me ele ao ouvido. Larguei-me dele e encarei-o. Por esta altura tanto o Ru como o Javi nos tinham deixado sozinhos.
- Não peças. Eu sei porque tiveste aquela reacção e…
- E nada meu amor. Você me ama e eu amo você. Isso para mim chega. A gente vai superar esta distância. – Juntei os nossos lábios num acto simples mas sincero.
- Eu também te amo meu amor.
O resto do dia foi passado com o pessoal na praia.
Quando o sol se pôs fomos para casa. Tinhamos decidido que íamos visitar a cidade do Porto.
Chegamos a casa e á vez, fomos tomar banho.
Estava no meu quarto a escolher a roupa depois do banho quando o meu telemóvel toca.
-Estou? – Atendi e nem vi quem era.
- Filha.
- Mãe.
- Como estás?
- Bem e tu?
- Também. Olha,  gostas-te da surpresa do Ruben e da Inês?
- Claro que gostei. Mãe, tenho uma coisinha para te dizer.
- Até tennho medo. Diz lá.
- O David também cá está.
- O David? Porque razão?
- Fez-me uma surpresa e veio do Brasil. – A minha mãe não sabia que eu tinha ido ao Brasil ter com ele.
- Ah. Por mim tudo bem mas tenham juízo sim?
- Claro mãe. Quando voltas?
- Não sei filha, afinal vou ficar mais tempo do que o previsto, mas ainda não sei ao certo quanto.
- Tudo bem mãe, mas depois avisa-me pode ser?
- Claro. Filha vou ter de desligar. Vou jantar agora com os pais da Inês. Manda-lhe um beijinho e outro para todos.
- Ok. Outro para ti. – Desliguei e coloquei o telemóvel em cima da cómoda.
Os meses foram passando. Agora era Setembro e hoje começam as aulas aqui no Porto. Eu e o Dê estamos melhor que nunca, apesar de ele andar estranho. O Ruben e a Inês finalmente assumiram o que sentem e namoram. As coisas entre o Javi e a Margarida não funcionaram. Ela ficou a viver  no Algarve com os pais e acho que já namora. O coitado do Javi é que não a esquece. Parece que lhe bateu forte.
As minhas férias foram passadas entre o Porto e Lisboa.
Sinto-me nervosa, pois vou para uma escola onde não conheço rigorosamente ninguém.
Vesti-me e segui caminho na expectativa do desconhecido.
43º Capitulo [ parte I ]
A escola era bastante bonita, misturava uma cor calma como o pastel com corres ditas “berrantes” como o amarelo, o laranja e o vermelho. Conseguia-se contemplar também,  bastos e bem tratados jardins, assim como um pequeno lago na entrada.
O receio de uma nova realidade apoderou-se do meu corpo, fazendo-me assim hesitar em dar a primeira passada que corresponderia á entrada no edifício. Talvez o medo do desconhecido ou simplesmente o receio de falhar. Apoderou-se uma tal forte nostalgia do meu corpo, que eu, sem saber muito bem como, pedi o seu comando e entrei na minha nova realidade sem ter dado ordem para isso.
Um vez dentro, olhei em meu redor, jovens andavam de um lado para o outro, uns mais velhos, outros mais novos, mas era mesmo isso que dava o gozo á escola, a diferença de idades, de culturas e de personalidades, o aprender a lidar com outras realidades diferentes da nossa, o enfrentar situações “diferentes” e o aprender a conviver com os outros. Normalmente, os jovens não gostam da escola, eu pelo contrário gosto porque vejo a escola de outra perspectiva, o aprender para mais tarde puder ensinar nem que seja apenas um bocadinho da sabedoria do mundo.
Enverguei pelo corredor que estava do meu lado esquerdo, não sei é o certo ou não, mas ao fundo avistei uma funcionária e ela era a pessoa indicada para me ajudar. Enquanto caminhava ia reparando, naquela que iria ser a minha terceira casa durante o próximo ano, terceira sim, porque a segunda é [ e será sempre ] a casa do David.
A funcionária vestia uma bata que lhe dava pouco por baixo do joelho, de cor branca e com um pequeno crachá vermelho com o nome Amélia.
- Bom dia, poderia-me dizer qual é a sala do 11ºA?
- Bom dia, é menina é nova não é? – Sorriu levemente, aparentava ser uma senhora na casa dos 50 anos, porem de ar risonho e simpático.
- Sim, sou. – Agora foi a minha vez de sorrir.
- Venha menina, que eu vou leva-la á sala, é no piso de cima. – Á medida que íamos passando pelos locais, a senhora, muito amavelmente me ia indicando o seu efeito.
[…]
- E pronto menina, é esta a sala. É melhor entrar que já passa da hora. – Olhei para o relógio e de facto já eram 8:40, estava dez minutos atrasada.
- Muito obrigada por me indicar o caminho e pela sua simpatia. – Agradeci de modo sincero.
- Oh menina, disponha sempre. – Trocamos mais uns sorrisos e por fim a senhora foi embora. Olhei para a enorme porta vermelha que se encontrava á minha frente, por de trás dela estava a minha nova realidade. Bati á porta e pedi para entrar.
- Posso? – Disse, enquanto abria ligeiramente a porta.
- Está atrasada. Sente-se aí ao fundo e não interrompa mais a aula. – Fiz o que o professor me mandou sem ripostar. Na sala não deveriam estar mais que 23 alunos, ri-me ao pensar neste numero, facto que não passou indiferente ao professor que aproveitou logo para começar a reclamar comigo. – Já vi que está muito animada a menina, entao faça o favor de vir aqui á frente e apresentar-se aos seus colegas. – Realmente era a última coisa que me apetecia, mas não ir dizer isso, pois não queria criar mau ambiente logo na primeira aula. Levantei-me e dirigi-me por entre as outras mesas para a frente. Virei-me para os meus novos colegas que me olhavam expectantes. Não sabia bem por onde começar mas teria de ser por algum lado, e depressa, pois o professor que não deveria ter mais que 25/27 anos já me olhava com “ cara de poucos amigos”.
- Bem, chamo-me Beatriz Vale, tenho 16, vivia em Lisboa e mudei-me este Verão para o Porto. – Acabei de falar, rodei o meu corpo sobre os calcanhares para assim iniciar o trajecto até ao meu lugar, mas essa minha intenção não passou de isso mesmo, visto um aluno mais espevitado ter começado com perguntas.
- Porque te mudas-te para o Porto? – Olhei para o professor como que a pedir para me ajudar não deixando os meus colegas terem o direito de fazer quaisquer perguntas, mas ele não devia gostar nada de mim e ainda incentivou mais os meus colegas.
- Menina Beatriz responda á pergunta do seu colega e meninos, podem fazer as perguntas que quiserem á vossa nova colega. – Se o olhar ferisse, de certeza que era preciso uma ambulância para aquele sujeito que se dominava de meu professor de Filosofia e que tinha uma constituição física jovem, aliás, bastante jovem e agradável de se ver, mas devia ter uma personalidade bastante atiquada.
Olhei de novo para a turma e preparei-me para responder.
- Vim para o Porto porque a minha mãe é Advogada e tinha um escritório em Lisboa com uma sócia, como era bastante concorrido e dos mais conceituados do Pais decidiram abrir uma filial no Porto e assim sendo, a minha mãe é a responsável pela filial do Porto, logo tive de vir para aqui viver com ela.
- E o teu pai? Também veio ou ficou em Lisboa? – Quando a rapariga loura que estava na primeira fila fala é como se o mundo me tivesse desabado sem eu poder impedir. O assunto que eu tanto tentei evitar pensar nos últimos tempos foi-me agora lembrado de uma maneira fria e despreocupada, não podia culpar a pobre rapariga, pois ela nada sabia, mas do lado esquerdo do meu peito formou-se uma dor, uma dor forte, aliás, muito forte, mesmo no centro do órgão que me permitia [ ainda ] viver. As lágrimas começaram a escorrer-me pela face como se fossem pequenas gostas de chuva a ir em direcção ao mar. Desencostei-me da parede que desde o inicio me mantivera apoiada e corri em direcção á porta, abri a mesma e continuei a correr por entre corredores e mais corredores até encontrar a saída para o exterior, avistei ao longe um banco mesmo debaixo de uma grande arvore [ já fora do recinto escolar ], agora, já não em corrida mas mesmo assim em passo acelarado fui em direcção aquele pequeno adorno do jardim. Sentei-me e cruzei as pernas, como em criança fazia quando me sentada com o meu pai no alpendre, no “seu” banco de baloiçar.
Saudade, sim, era a palavra mais correcta, saudade dos seus abraços, dos seus conselhos mas acima de tudo saudade dele. Chorei, chorei e chorei, chorei o que em meses fui incapaz de chorar, chorei o que desde a sua morte me sufocava por dentro, e eu, talvez por vergonha ou por cobardia ainda não tinha deitado cá para fora.
Sentia-me abandonada, perdida, longe dos meus amigos, do David, longe da minha vida, sentia que estava sozinha e de facto, estava mesmo [ ou talvez não ].
Comecei a pensar, já não via David á duas semanas, pouco falamos, ela estava em estágio pelo Benfica. Agora as lágrimas corriam-me ainda mais pela cara. Senti algo a abraçar-me, algo que eu conhecia muito bem, algo que estava a precisar.
- Bia … - Virei-me para aquele ser que estava ao meu lado e abracei-o, abracei aquele ser com todas as forças que tinha e que não tinha, como eu precisava daquele abraço. – Porque estas neste estado?
- O meu pai, tenho saudades dele. – Mais e mais lágrimas caiam pela minha face.
- O minha querida Bia … - E aquele ser que eu tanto amava apertou-me também contra si, sentindo-me eu assim, num porto seguro.

Capitulo 44
Sim, eu precisava de um abraço maternal, um abraço da pessoa que sempre este lá para mim. Precisava da minha mãe.
- Oh mãe, tenho tantas saudades dele.
- Eu também minha menina, eu também…
 Já se passaram duas semanas desde aquele “incidente” do primeiro dia de aulas. As coisas tem andado bem por aqui, mas já não vejo o David a 3 semanas. Temos falado por telemóvel mandando mensagens e até ligado a Web mas sinto falta dele, sinto falta do seu toque, do seu sorriso, dos seus caracóis, do seu abraço, mas acima de tudo do seu amor.
Amanha, dia 1 de Outubro faz 4 meses que eu e o David começamos a namorar. Como é sábado vou fazer-lhe um surpresa e vou até Lisboa, aproveito e vejo também o pessoal que ficou lá. Decidi ligar ao Ruben para ele me ajudar com tudo.
-Olá Ru.
-Olá desaparecida. – Disse, no seu já característico tão risonho na voz.
- Oh até parece.
 - É que não parece é mesmo. – Ele tentava fazer voz de quem estava a falar a sério, mas eu já o conhecia o suficiente para saber que ele estava a brincar.
- Tu tambem não dizes nada Ru.
- Desculpa pequenina.
- Não tem mal. Olha, como tem andando a Inês? Não tenho falado com ela. – Disse com mágoa na voz por já não falar com a minha melhor á cerca de 8 dias.
- Tem andado bem, só anda triste por já não estarem tão juntas.
- Entao já somos duas.
- Mas Bia, tenho a certeza que não me ligas-te para saber da Inês, porque ela tem telemóvel. – Diz, rindo-se.
- Sim tens razão Ru, liguei-te porque eu e o David fazemos 4 meses amanha e eu vou aí a baixo sem ele saber.
- A sério? O Mano vai delirar. Ele anda cheio de saudades tuas.
- E eu dele. Mas olha, eu já falei com Javi e ele vai-me busca ao aeroporto. Só queria que ficasses com o David e ires-me dizendo onde ele vai.
- Sim, não tem problema, eu combino algo com ele. Mas diz-me uma coisa, que estas a pensar fazer?
- Vocês tem jogo as 18h, estou a pensar que ele me veja só depois disso, porque eu vou passar aí a noite e o Domingo.
- Sim pequenina, está bem. O sábado é vosso mas no domingo almoçam com o pessoal, sim?
- Eu falo com o David e depois digo-te algo Ru.
- Combinado. Bia, vou ter de desligar que o David esta aqui a chegar. Até logo . Beijinhos
- Obrigada pela ajuda. Beijinhos
Desliguei e comecei a preparar tudo, este dia tinha de ser perfeito. Amanha ia-me entregar verdadeiramente ao David, o homem que eu amo.